Em junho do ano passado, a Gol Linhas Aéreas comprou a MAP Transportes Aéreos e a aquisição deixou o turismo amazonense em estado de alerta. Voos de Manaus para as cidades de Tefé, Coari, Tabatinga e Eirunepé, por exemplo, podem deixar de existir uma vez que, segundo o empresário do ramo de turismo, Orsine Júnior, os investimentos direcionados à aviação regional podem ser extintos.
Para Orsine Júnior, por conta da transação comercial, a Gol passará a investir mais nos slots nos horários de Congonhas, ou seja, vai direcionar mais recursos financeiros para pousar e decolar no aeroporto paulista. A situação, segundo ele, prejudicará a saída de voos de Manaus para municípios do interior do Estado.
“Essa é uma das nossas preocupações e que pode frear o desenvolvimento do turismo amazonense. Caso não haja o investimento necessário, cidades com atividades turísticas em expansão tendem a ser prejudicadas e ficar isoladas, já que voos para essas localidades tendem a ser reduzidos ou até mesmo extintos”, pontuou o empresário.
Orsine Júnior lamentou não haver voos de Manaus para Barcelos e Maués, destinos com enorme apelo turístico. Para ele, se esses destinos recebessem voos, o desenvolvimento econômico seria impulsionado.
“Barcelos atrai milhares de turistas todos anos devido à pratica da pesca esportiva e Maués tem praias maravilhosas, mas o acesso a essas cidades se dá apenas por barcos e, se não lutarmos por melhorias, o sonho de chegar a esses destino por via aérea torna-se cada vez mais distante. Temos de lutar para progredir e não retroceder”, pontuou.
Solução
Para o turismo amazonense não sofrer os impactos negativos da compra da MAP pela GOL, caso não haja o investimento na aviação regional, o executivo acredita ser fundamental a adoção de medidas para a solidificação de empresas de táxi aéreo.
“Entre as ações estão a isenção do Imposto sob Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS) do combustível a essas empresas, a disponibilidade de linhas de crédito para a aquisição de novas aeronaves e maior investimento na qualidade de aeródromos. Essas seriam algumas soluções que acreditamos ser viáveis para fomentar no fortalecimento do turismo que acreditamos”, concluiu.
A compra
A GOL comprou a MAP no dia 8 de junho de 2021 pelo valor de R$ 28 milhões. A transação comercial foi aprovada, sem restrições, pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) e já tornou a decisão definitiva.
Na época da compra, a GOL informou visar a disponibilidade de novos destinos e rotas no aeroporto de Congonhas, em São Paulo e, com isso, expandir o número de assentos por voo e ter maior eficiência de gastos.
Antes da compra, a MAP era a quinta maior empresa aérea brasileira, com frota de sete aeronaves ATR e 70 assentos que operavam em rotas da Região Amazônica, a partir do aeroporto de Manaus, e nas Regiões Sul e Sudeste, a partir do Aeroporto do Congonhas.