Os resíduos de frutas amazônicas como cascas de cupuaçu, guaraná e caroços de açaí são objetos de um estudo que busca alternativas sustentáveis para os materiais que são descartados, diretamente, ao lixo. O projeto desenvolvido, no município de Coari (distante 363 km de Manaus), recebe apoio do Governo do Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), e pretende transformar os insumos em adubo para produção de hortaliças como couve manteiga.
Apoiado pelo Programa de Apoio à Interiorização em Pesquisa e Inovação Tecnológica no Amazonas (Painter), Edital N°003/2020, da Fapeam, a ação fomenta atividades de pesquisa aplicada e inovação tecnológica desenvolvida por pesquisadores, exclusivamente, no interior do estado, por meio da indução em áreas estratégicas para o desenvolvimento social, econômico e ambiental do Amazonas.
A pesquisa realizada no Instituto Federal do Amazonas (Ifam) de Coari abre a perspectiva de agregar valor ao que é considerado descarte, e surgiu a partir da vocação produtiva dos frutos no município, segundo produtor de guaraná no Amazonas, e diante da geração dos resíduos sem destinação adequada.
Segundo o coordenador do trabalho, mestre em Engenharia de Produção, Hudinilson Yamaguchi, a aplicabilidade desses subprodutos gerados, ainda é pouca conhecida, por isso o interesse em utilizar os resíduos de frutas Amazônicas provenientes do setor primário como matéria-prima em adubos orgânicos na produção de hortaliças.
“Ao utilizar os resíduos de frutas amazônicas como forma alternativa de nutrição para o cultivo de hortaliças, buscamos fortalecer a pesquisa científica no médio Solimões, além de divulgar a produção cientifica por meio de ações extensionistas rurais, contribuindo para geração de emprego e renda dos agricultores familiares e povos tradicionais do interior do Amazonas”, disse.
Paralelamente, a demanda por produtos que auxiliem o processo de cultivo de hortaliças, como adubos orgânicos que são obtidos, por meio de matéria de origem vegetal ou animal, vêm sendo utilizados de forma eficiente, minimizando o uso dos adubos tóxicos.
Além da Fapeam, o projeto conta ainda com a colaboração de pesquisadores da Universidade do Amazonas (Ufam) e do Instituto Militar de Engenharia (IME). Atualmente, o grupo de pesquisa é formado por seis pesquisadores que atuam no desenvolvimento do estudo.
“O fomento da Fapeam está sendo crucial para o desenvolvimento da pesquisa no interior do Amazonas, principalmente neste momento de retomada das atividades de pesquisa”, destacou.
Processo
No projeto, os resíduos dos frutos estão sendo coletados de uma cooperativa de produtores rurais e analisados em relação à composição de constituintes químicos, para serem utilizados na produção de adubos orgânicos, e ainda serão analisados o tempo de crescimento, quantidade de folhas, área folhar, altura da planta, quantidade de massa fresca e massa seca e o índice de qualidade de Dickson.
Painter +
A Fapeam recebe a partir do dia 21 de março propostas de pesquisadores do interior do Amazonas para a nova edição do Painter +. Podem participar pesquisadores com título de mestre ou doutor, vinculados a instituições de ensino e pesquisa, sem fins lucrativos, com sede ou unidade permanente no interior do Amazonas. Todos os requisitos e critérios para participar estão especificados no edital.