Validar novas ferramentas para controle e eliminação da malária no estado do Amazonas é o foco da pesquisa “Estudos da viabilidade da implementação de Telas Impregnadas com Inseticida de Longa Duração (TILDs) e de identificação de unidades fontes e sumidouros”. O projeto, desenvolvido na localidade de Saubinha, no município de Coari (distante 363 quilômetros de Manaus), conta com o apoio do Governo do Estado, por meio do Programa Amazônidas – Mulheres e Meninas na Ciência – Edital nº 002/2021, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).
De acordo com a coordenadora da pesquisa, doutora em Doenças Tropicais e Infecciosas e bióloga na Fundação de Vigilância em Saúde Dra. Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP), Érica Cristina da Silva Chagas, a malária ainda se mantém como um problema de saúde pública no Amazonas. Por essa razão, ela defende a necessidade de se avaliar metodologias, elementos e possibilidades de intervenções para o controle e eliminação da endemia, buscando novas ferramentas para identificar e caracterizar focos de transmissão da doença.
“Apesar de termos um programa de controle da malária estruturado e atuante no estado do Amazonas, ainda se faz necessário agregar novas ferramentas para a redução da malária que sejam significativas e sustentáveis. Nesse contexto entra o Governo do Estado, por meio da Fapeam, que possibilita aos pesquisadores desenvolver seus projetos e continuar buscando ferramentas que seja possível usar nos programas de combate à endemia”, completa.
Números
Dados do Ministério da Saúde, por meio de Sistema de Informação (Sivep-Malária), apontam que aproximadamente 98% das infecções notificadas no país ocorrem na Região Amazônica. De um lado, as condições ambientais da região favorecem a proliferação de mosquitos do gênero Anopheles (vetor da doença) e, do outro, as características socioeconômicas e demográficas promovem a exposição de grandes contingentes populacionais ao vetor.
Em 2020, foram notificados 140.525 casos positivos de malária na região, dos quais 39,8% (56.035 casos) foram notificados no Amazonas, sendo o estado de maior incidência de malária do país.
Conforme informações do projeto, a implementação de TILDs é uma ação de controle aprovada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) da qual não se conhecem os impactos, benefícios e custos de implementação. Isso contribui para que, até o momento, ainda não se tenha incorporado as telas impregnadas ao Programa Nacional de Controle da Malária, porém a estratégia apresenta potencial para uso no controle da doença.
Não obstante, a identificação de unidades fontes e sumidouros podem vir a ser utilizadas como uma ferramenta de seleção e avaliação da implantação de TILDs.
Execução
O estudo está sendo norteado a partir de quatro metas:
• Cobertura – implantar TILDs em 95% ou mais das casas existentes na localidade selecionada;
• Comportamento – aplicar questionário “Conhecimento, Atitudes e Práticas sobre à malária” (CAP) em 100% dos domicílios com TILDs implementadas;
• Avaliação entomológica – realizar oito campanhas de captura de Anopheles darlingi (mosquito hospedeiro e transmissor da doença e o principal vetor de malária no Brasil), por localidade selecionada; e
• Monitoramento – realizar quatro visitas de monitoramento de conservação e uso das TILDs por localidade selecionada.
Resultados
Como resultados esperados com o estudo, Érica Cristina destaca o conhecimento da efetividade, do custo e do benefício da implementação de TILDs como ferramenta para o controle da malária, associado ou não a outras barreiras físico-químicas de controle vetorial.
Da mesma forma, será possível ter a validação de procedimentos técnicos para a determinação do Número Básico de Reprodução na escala espacial das localidades, de modo a fornecer subsídios para a avaliação da efetividade de intervenções aplicadas.
Além destes, espera-se que o estudo contribua para o fortalecimento da realização das ações entomológicas no Amazonas e, principalmente, para a redução do número de casos de malária nas localidades de implantação das TILDs.
Programa Amazônidas
O Programa Amazônidas – Mulheres e Meninas na Ciência é uma inciativa do Governo do Amazonas, via Fapeam, que visa estimular o aumento da representatividade feminina no cenário de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) local, por meio do fomento de projetos de pesquisa no estado.