Deputados federais e senadores do Amazonas fizeram um enorme silêncio ante os ataques do governador bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos) à Zona Franca de Manaus, na semana passada.
O governador de São Paulo defendeu, na última quarta-feira (6/12), que o relator da reforma tributária na Câmara, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP), reveja a proteção que o texto garante à ZFM.
Tarcísio de Freitas classificou a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) da Zona Franca de Manaus de distorção. “A Cide da Zona Franca, desculpa, é algo que traz uma ineficiência muito grande. Não faz o menor sentido”, disse.
Com maioria alinhada ao bolsonarismo, a bancada federal do Amazonas simplesmente não reagiu a fala de Tarcísio. A única exceção foi o deputado Saullo Vianna, que emitiu nota rebatendo as falas de Tarcísio.
Nem mesmo aliados do presidente Lula fizeram um contraponto ao governador bolsonarista. Esta coluna vasculhou nas redes sociais (Instagram e X – antigo Twitter) dos parlamentares do Amazonas e nada consta. Comeram abiu.
Tarcísio de Freitas e a Zona Franca x Marina Silva e a BR-319
A reação pacífica dos parlamentares amazonenses com Tarcísio de Freitas é completamente diferente do tratamento que a maioria deles dispensa à ministra do Meio Ambiente, Mariana Silva, após a fala contraproducente dela sobre passear na BR-319, há três semanas. Não custa lembrar, inclusive, que Tarcísio foi o Ministro da Infraestrutura durante o governo de Jair Bolsonaro, período em que a estrada também não avançou um milímetro.
Pior: um acidente em duas pontes na estrada, na altura do Careiro da Várzea, justamente por conta da falta de manutenção, causou mortes e deixou ao menos uma dezena de feridos em pleno período eleitoral. O problema foi solenemente ignorado pelo governo federal, e a responsabilidade por atender vítimas e buscar alternativas para o transporte da população ficou a cargo do governo estadual.
Nas críticas à Marina, os deputados argumentam que a BR-319 é um projeto estratégico para o Amazonas. Mas e a Zona Franca, por acaso, deixou de ter importância estratégica e econômica para o estado?
O modelo de desenvolvimento que gera quase 100 mil empregos no Amazonas e que, é bom lembrar, sofreu duros baques durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro seguirá indefesa se ameaçada por algum político de direita? Rememorando a célebre frase: nossos senadores e deputados são tigrões com Marina Silva, mas tchutchucas com o Tarcísio de Freitas.
Serafim atento
O ex-deputado estadual e atual secretário de Estado de Ciência e Tecnologia, Serafim Corrêa, estava atento, no fim de semana, aos debates que rondam as negociações da reforma tributária e ZF. Ao compartilhar uma reportagem sobre a fala do relator da reforma ao jornal O Globo, Serafim foi enfático: “O relator da Reforma Tributária na Câmara dos Deputados, Agnaldo Ribeiro, colocou a ZFM e o setor automotivo do Norte e Nordeste no centro das atenções. Mais do que nunca as bancadas das regiões pobres precisam estar unidas”, disse em tom de preocupação. Foi outro tema sobre o qual a bancada federal comeu abiu.
Bancada e eleições
O deputado federal Amom Mandel (Cidadania) deixou a prefeitura de Manaus de fora da destinação de emendas parlamentares a que tem direito para o ano de 2024. Segundo a Prefeitura de Manaus, a gestão David Almeida conseguiu R$160 milhões para o ano que vem, apenas o senador Plínio Valério (PSDB), o deputado federal Fausto Junior (União Brasil) e Mandel não teriam atendido aos pedidos do prefeito. Concorrente de David Almeida (Avante) nas eleições pela prefeitura de Manaus, em 2024, Amom argumenta que as emendas dele atendem, quase em sua totalidade, a capital amazonense, mesmo não tendo sido destinadas à gestão de David. Os ânimos estão se acirrando a menos de um ano das eleições municipais.
Empréstimo aprovado com recado
Os vereadores de Manaus aprovaram o empréstimo de R$ 580 milhões que o prefeito David Almeida precisava para, segundo a prefeitura, investir na melhoria da infraestrutura da cidade. Porém, o prefeito viu uma votação apertada, longe de uma base sólida para aprovar projetos na Câmara Municipal de Manaus (CMM) como era ano passado. O vice-prefeito, Marcos Rotta, foi escalado para fazer a articulação com os vereadores. O recado dos vereadores é que Almeida terá muito trabalho até as eleições.
A pobre rica Coari
A cidade amazonense com parque petroquímico de milhares de reais não consegue melhorar a vida de sua população. O destaque negativo do site UOL expõe a ferida da desigualdade de uma cidade extremamente rica e com o povo na miséria. A reportagem fala em Dubai amazônica e como Coari tem graves problemas de saneamento básico e índices alarmantes de pobreza. O município, comandado há anos pela Família Pinheiro, é a prova de que não adianta petróleo sem que haja política de desenvolvimento social e ambiental que coloque o povo como principal beneficiário desta riqueza.
Tadeu intensifica agenda no interior
O vice-governador Tadeu de Souza retoma a agenda pelo interior do Amazonas durante mutirão de atendimentos oftalmológicos no município da calha do Médio Solimões (distante 531 quilômetros de Manaus). Até o momento, mais de 350 pacientes já foram beneficiados com consultas com especialistas e procedimentos cirúrgicos para extração de catarata e pterígio (carne crescida). A ação foi feita em parceira da prefeitura da cidade.
Falta acessibilidade, diz TCE
O Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM) deu prazo de 180 dias para a Prefeitura de Parintins, interior do Amazonas, apresentar plano de ação para garantir acessibilidade às pessoas com deficiência (PCDs) ou mobilidade reduzida no município. O relatório foi apresentado pelo conselheiro Josué Cláudio Neto e aprovado pelos demais conselheiros, semana passada. A medida é importante, uma vez que a cidade realiza a festa dos bumbás Garantido e Caprichoso, um dos maiores festivais folclóricos do mundo. Parintins precisa – urgentemente – dar mais acessibilidade aos PCD’s que moram ou visitam a cidade.
Manaus no G20
O Brasil anunciou o calendário de atividades para o G20, composto por mais de 120 eventos distribuídos ao longo do ano em diversas cidades-sede do país. O cronograma inclui 93 reuniões técnicas, 26 videoconferências, 10 encontros de vice-ministros e 23 reuniões ministeriais. Manaus sediará reuniões. O calendário de atividades do G20 abrange uma diversidade de temas essenciais para o desenvolvimento global em temas como: redução do risco de desastres, estratégias para combater a corrupção, iniciativas para promover a igualdade de gênero, tendências econômicas mundiais, reformas e adaptações no sistema financeiro global, compromissos e estratégias para enfrentar as mudanças climáticas.