Esporotricose, dermatofitose, bartonelose, escabiose, toxocaríase, toxoplasmose. Essas são algumas da zoonoses relacionadas aos gatos.
Se você é tutor, com certeza, já deve ter ouvido alguma ‘recomendação’ para evitá-los por serem hospedeiros dessas enfermidades que podem ser transmitidas de animais para os humanos e vice-versa.
A desinformação é capaz de transformar os felinos em vilões, por isso, nada melhor que seguir orientações de especialistas.
Fundadora da USFel – Unidade de Saúde Felina (primeira clínica veterinária do Norte dedicada ao atendimento apenas de gatos), a médica veterinária Ludmila Andrade deixa claro que os gatos são apenas vítimas do ciclo de transmissão, assim como os humanos e outros animais mamíferos.
“Vale lembrar que não apenas os gatos transmitem essas doenças. Cães também podem ser transmissores de zoonoses, além da falta de higiene das pessoas ao não lavar as mãos ou o consumo de alimentos de procedência duvidosa, por exemplo. O gato nunca é o vilão. É importante citar que um animal bem cuidado, com vacinas em dia, protegido e totalmente domiciliado não será vítima dessas doenças e também não as transmitirá aos humanos”, salienta.
De acordo com ela – que é especialista em Clínica Médica e Cirurgia de felinos –, um dos principais absurdos relacionados a zoonoses é de que a responsabilidade é dos gatos.
“Isso é uma grande mentira. A culpa é sempre das pessoas que não cuidam de seus animais da forma correta (deixando-os soltos na rua, permitindo que eles procriem de forma desordenada, não prestando assistência veterinária) e também do Estado, que não oferece, de forma resolutiva, ações que envolvam o controle de animais errantes (castração em massa), bem como deixam a desejar no saneamento básico”, destaca.
Diagnóstico e tratamento de zoonoses em gatos
Animais que vivem na rua ou semidomiciliados têm contato indiscriminado com outros animais errantes e não possuem assistência veterinária preventiva e curativa são os mais propícios a desenvolverem essas doenças, conforme Ludmila.
Para detectá-las, o primeiro passo é procurar um profissional especializado.
“Cada doença citada possui sintomas distintos. No caso da esporotricose, por exemplo, os sintomas mais comuns em felinos são feridas profundas na pele e espirros frequentes, enquanto no caso da toxocaríase são causar cólicas, fraqueza, emagrecimento. O importante é observar o estado do animal de forma geral e, percebendo que o animal está com alguma alteração, procurar atendimento veterinário. Apenas o médico veterinário pode diagnosticar essas zoonoses nos felinos. Além disso, pode auxiliar no diagnóstico dos sintomas em seres humanos”, pontua.
Segundo a fundadora da Usfel, assim como os sintomas variam conforme a doença, as formas de tratamento também são distintas.
“Por exemplo, enquanto nas micoses são utilizados antifúngicos, nas sarnas são utilizados antiparasitários. Já a raiva não tem cura e leva ao óbito em curto espaço de tempo. Não à toa, é preciso reforçar a importância de manter a vacina da raiva sempre em dia”, enfatiza.
Ludmila ressalta que há dois itens básicos para ajudar a prevenir essas doenças: assistência veterinária anual (incluindo a castração) e criação indoor (dentro de casa apenas).
“E cabe destacar que o veterinário é o profissional que vai orientar os tutores em relação a prevenção de doenças em geral, de forma individual e personalizada, de acordo com a rotina e os desafios da casa”.