A emergência climática que o Amazonas vive nas últimas semanas também elevou a temperatura no meio político local. Alguns parlamentares de oposição ao Palácio do Planalto e até aliados do presidente Lula (PT) elegeram a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, como alvo de críticas e deixaram isso bem claro durante a visita do vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), à capital amazonense.
Alguns parlamentares tentam responsabilizar Marina pela não execução das obras da BR-319 (Manaus-Porto Velho), assunto espinhoso que vinha sendo evitado pela ministra.
Essa coluna mesmo cobrou uma posição dela e do governo Lula sobre o assunto. O presidente já havia dito no início do ano, em entrevista para emissoras de rádios da Amazônia, que o governo faz estudos sobre a viabilidade da obra, o que foi reiterado pela ministra em Manaus.
Cobrar a ministra pode, faz parte do jogo. Porém, elegê-la como única culpada pelo isolamento logístico do Amazonas é desconsiderar a realidade factual, que a própria Marina Silva alardeou: ela esteve 15 anos fora do governo. Por que a obra nunca saiu?
Curioso que a rodovia apontada por ambientalistas como um risco para a preservação da Amazônia seja defendida pelos políticos como solução dos problemas do estado, justamente, no momento de grave crise climática.
Conflito é contraproducente
É preciso dizer que aliados do presidente Lula deram dois tiros nos pés ao elevar, de forma desproporcional, as críticas à Marina. A agenda positiva do governo Lula no estado acabou ajudando a ecoar o discurso bolsonarista de que a situação ambiental, agora, é pior do que na gestão Bolsonaro.
Outro mal-estar foi causado por parte da bancada do Amazonas, que desconsiderou o trabalho e o prestígio da Ministra na comunidade internacional e o quanto isso pode ser importante para o combate às queimadas no estado. Desde que assumiu o cargo, Marina Silva já conquistou apoios importantes mundo afora e ajudou a trazer investimentos como anunciado pela Alemanha, por exemplo, que vai investir R$ 1 bilhão em ações ambientais no Brasil.
Dedo em riste, não!!
Em um vídeo em que circula nas redes sociais, é possível ver o deputado Sinésio Campos (PT) colocando o dedo em riste contra Marina Silva. É mais um episódio de machismo envolvendo o parlamentar petista.
ALEAM
Surfando na onda, os deputados da Assembleia Legislativa do Amazonas (ALEAM) aprovaram moção de repúdio à Marina Silva. Como essa coluna já registrou, os deputados ficaram calados quando, na gestão do ex-ministro Ricardo Salles, a Amazônia bateu recorde de desmatamento e queimadas durante todo o governo Bolsonaro.
Política é diálogo
O governador Wilson Lima (UB) foi pelo caminho do diálogo sobrea questão da BR-319. Ele conversou com o vice-presidente Geraldo Alckmin. “Precisamos encontrar um caminho para o destravamento das obras. Aqui eu não falo do ponto de vista econômico, mas sim do ponto de vista social. É o básico para o cidadão: o direito de ir e vir. O Estado do Amazonas se coloca à disposição para encontrar um caminho nas condições ambientais”, disse o governador. Assim, Lima faz a cobrança que deve ser feita, mas construindo pontes de diálogo. Após a vinda de Alckimin à Manaus, o Governo Federal criou o grupo de trabalho para avaliar a situação da rodovia.
Vice dá recado para empresas do gás de cozinha
O vice-governador, Tadeu de Souza, disse em suas redes sociais que acompanha atentamente o enfrentamento da estiagem, incluindo as questões envolvendo o gás de cozinha. De acordo com ele, não há risco de desabastecimento em Manaus devido à seca porque as embarcações que trazem o insumo de Urucu, em Coari, seguem abastecendo a refinaria. “Qualquer tentativa de artificializar demanda para forçar aumento de preço para os consumidores por parte de empresas privadas será apurada, uma vez que o Estado tem instrumentos para a fiscalização, por meio do Procon-AM, de crimes contra a economia popular”.
TCE em chamas
A eleição para mesa diretora do Tribunal de Contas do Estado (TCE-AM) deste ano gerou grandes rusgas e expôs a Corte por conta de uma disputa de poder. A Conselheira Yara Lins, que foi eleita presidente, acusa do conselheiro Ari Mourinho Jr de agressão verbal e ameaças. Tudo foi parar na delegacia, ambiente nada comum para o TCE. Em um vídeo que circula nas redes sociais, é possível ver ambos se cumprimentando e passando a mão no rosto um do outro, que não é algo comum. De acordo a presidente eleita, neste momento Moutinho a xingou com palavras impublicáveis e, por isso, ela procurou a delegacia. Ele nega as acusações e se diz vítima de perseguição. O atual presidente, Érico Desterro, afirmou que a Corte não havia sido comunicada do episódio. Toda essa confusão ocorre em meio a seca que afeta milhões de amazonenses e muitos sequer sabem o quanto custa manter esse órgão. Até agora, em 2023, o TCE custou R$ 215.825.908,27 aos cofres públicos segundo o portal da Transparência. É bom os conselheiros pensarem nisso.
Roberto Cidade candidato ?
E as eleições para a prefeitura de Manaus no ano que vem parecem mexer com os bastidores da Assembleia Legislativa (ALEAM). De acordo com fontes da Coluna, o presidente da Casa, Roberto Cidade, já não esconde o desejo de se candidatar ao cargo de prefeito da capital. É preciso, agora, acertar tudo com as demais forças políticas.
Segurança em foco
A Comissão de Segurança Pública (CSP) da Assembleia Legislativa, presidida pelo deputado Comandante Dan (Podemos), realizou oito audiências públicas na região do Médio e Alto Solimões. Tabatinga, que concentra o maior número de mortes violentas intencionais do interior do Amazonas, foi a última a receber o evento da Comissão e contou com a presença do Secretário Estadual de Segurança Pública, coronel Vinicius Almeida.