O Amazonas vive momentos de um verdadeiro caos ambiental por conta de forte estiagem que está secando os rios e o elevado número de queimadas. Para piorar, a fumaça tóxica invade as cidades, o que aumenta o número de doenças respiratórias e pressiona o sistema de saúde.
Mas como chegamos a esse caos? É importante lembrar que o clima está sob efeito do El Niño, fenômeno que – resumidamente – afeta o regime de chuva em toda Amazônia e eleva as temperaturas. Porém, esse cenário atual não é culpa apenas do clima e sim fruto do abanano da política ambiental dos últimos quatro anos, no governo Bolsonaro. Ibama e ICMBio foram desmantelados assim como todas as ações de combate ao desmatamento e às queimadas.
A prova disso é o ataque contra agentes do ICMBio, no sul do Amazonas, na semana passada. Reestruturar esse sistema não é fácil e nem rápido.
Porém, faltou agilidade do atual Governo Federal em dar uma resposta para o caos ambiental no Amazonas. Manaus está há quase duas semanas sob fumaça.
Somente no dia 26 de setembro, quase uma semana após o início do caso ambiental, o governo Lula, através de mistérios, se reuniu com o governador Wilson Lima (UB). O anúncio da força-tarefa foi feito ao lado da ministra do meio ambiente, Marina Silva.
O Governo Federal anunciou um aporte de R$ 140 milhões para as ações no Amazonas. O vice-presidente, Geraldo Alckimin (PSB), precisa vir ao Amazonas e um gabinete de crise mais amplo com todos os órgãos do governo federal deveria ser estabelecido na capital.
A falta de estrutura federal para atender esse caos ambiental é herança maldita de Bolsonaro, mas a maior seca da história do Amazonas exige mais esforço de Lula e de seus ministros.
Caos ambiental e a BR-319
Em meio as discussões sobre a seca dos rios que inviabiliza o transporte de cargas e passageiros, a necessidade de uma definição sobre a BR-319 volta para a pauta política. Não seria diferente, uma vez que o rio Madeira, responsável pelo escoamento da produção da Zona Franca de Manaus e a da soja produzida pelo Mato Grosso, está com nível baixo e isso torna mais cara e perigosa a viagem. O senador Omar Aziz (PSD), que é aliado do presidente Lula (PT), elevou o tom das críticas contra a ministra do meio ambiente, Marina Silva. Segundo ele, Marina foi voz ativa para retirar a reconstrução da rodovia do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). É verdade que estudos do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), de 2011, apontam para os impactos ambientais da rodovia pavimentada. Porém, em 12 anos, novas tecnologias de fiscalização foram implementadas. Marina e o próprio Lula precisam dar uma resposta definitiva sobre a questão. É preciso achar um projeto sustentável e viável do ponto de vista ambiental, basta vontade política.
Dois pesos e duas medidas
Os deputados estaduais do Amazonas resolveram entrar na onda de críticas contra Marina Silva devido a seca, as queimadas e a BR-319. Um pedido de moção de repúdio chegou a ser proposto. Isso faz parte do jogo político, uma vez que a maioria dos parlamentares da Assembleia Legislativa do Amazonas é bolsonarista. Porém, os mesmos parlamentares que criticam Marina hoje silenciaram quando o ministro do meio ambiente era Ricardo Salles, atualmente deputado federal por São Paulo. Vale lembrar que foi na gestão do ex-ministro que ocorreram os recordes de desmatamento na Amazônia. Até para fazer o jogo político é precioso ter um pouco de bom senso e tenência.
Reforço de ações 1
O governador do Amazonas, Wilson Lima (UB), teve agenda política intensa por conta dos problemas gerados pela estiagem. Dentre os anúncios, Lima disse que o estado está multando quem faz grandes queimadas e que o governo une esforços para atender às comunidades mais afetadas pela seca dos rios. “Monitoramos e agimos, há meses, para minimizar os efeitos da estiagem. Nos cabe continuar no trabalho feito até agora para atender, em primeiro lugar, a questão humanitária, levando água potável, garantindo segurança alimentar, além das questões estruturais, para as quais solicitamos a ajuda do Governo Federal”.
Reforço de ações 2
O Governo do Amazonas intensificou, com o apoio da Marinha do Brasil, as ações de combate aos focos de queimadas na região Metropolitana de Manaus. A ação é fruto das articulações do vice-governador, Tadeu de Souza. A parceria foi formalizada na reunião e coletiva de imprensa da última sexta-feira (29/09), com a presença dos comandantes das três forças armadas no Amazonas.
David lidera corrida eleitoral
O prefeito de Manaus, David Almeida (Avente), lidera a pesquisa de intenção de votos feita pelo Instituto de Pesquisa do Norte (IPEN) para a prefeitura de Manaus nas eleições de 2024. Na sondagem estimulada, quando os nomes dos candidatos são apresentados aos entrevistados, David tem 32,4% da preferência, contra 28,6% do deputado federal Amom Mandel (Cidadania).
Caso Walber
O Ministério Público do Amazonas (MP-AM) decidiu tomar uma atitude contra o promotor de justiça Walber Nascimento, acusado de comparar a advogada Catharina de Souza a uma cadela durante uma sessão do Tribunal do Júri em Manaus. Ele será aposentado com salário integral de R$ 42,3 mil. De acordo com o MP-AM, a aposentadoria do promotor, que atuava no 3º Tribunal do Júri da capital, ocorreu por tempo de serviço e foi assinada pelo procurador de assuntos jurídicos e institucionais do MPAM, Aguinelo Júnior. A pergunta que fica é: isso é mesmo uma punição ?
Após 20 anos, CMM nomeia concursados
A Câmara Municipal de Manaus (CMM) precisou de 20 anos para nomear 77 candidatos aprovados no concurso realizado em 2003. A efetivação dos novos servidores ocorreu após decisão jurídica entre a procuradoria-geral da CMM e o Ministério Público do Amazonas (MP-AM). A demora só tem uma justificativa: manter os cargos comissionados em detrimento de quem estudou para prestar o concurso. Antes tarde que mais tarde.