Você já se perguntou qual o destino dos gatos com deficiência, seja ela de nascimento ou adquirida? Na maioria das vezes, estão fadados ao abandono, a uma vida de maus-tratos ou à eterna espera em uma fila de adoção.
Mas, com informação e quebra de estigmas, é possível abrir o coração e a casa para a chegada dessa grande amizade peluda, espécie com a maior facilidade de adaptação.
Foi o que aconteceu com a estudante de Medicina Veterinária Katherine Amorim, que hoje é tutora de cinco gatos, sendo três com deficiência: a Cristal (vítima de atropelamento, o que resultou em problema na mandíbula), o Saci (que possui uma das patas amputadas) e a Branca de Neve (que tem visão monocular).
“Requer mais cuidado e atenção? Sim, mas o amor que a gente recebe compensa tudo”.
Pontua.
Fundadora da USFel – Unidade de Saúde Felina (primeira clínica veterinária do Norte dedicada ao atendimento apenas de gatos), a médica veterinária Ludmila Andrade afirma que gatos, em geral, são vítimas de muitos absurdos pela falta de conhecimento sobre a espécie, especialmente os que possuem deficiência. Mas, ao contrário do que muitos pensam, eles fazem tudo e se superam diariamente.
“O comprometimento do responsável ajuda o gato a ter uma vida incrível”.
Enfatiza.
De acordo com ela, o primeiro passo para a adoção de um gato com deficiência é entender que há responsabilidades físicas, emocionais e financeiras. Com isso em mente, chega a hora de preparar o lar para receber o bichano.
A especialista Clínica Médica e Cirurgia de felinos destaca que gatos tetra ou paraplégicos são os que mais demandam disposição, necessitando de cuidados veterinários e domésticos de forma intensa, inclusive para evitar piora no quadro com infecções urinárias, escaras, dor constante, constipação, obstrução urinária.
No caso de gatos com deficiência visual (como a pequena Branca, adotada por Katherine), é necessário um aporte na segurança do ambiente e o estímulo na audição e no olfato. Já gatos com deficiências auditivas precisam de treino para comunicação visual.
“Existem outras deficiências e cada uma terá um tipo de necessidade diferente. Mas é certo que, em todas elas, é importante a remoção de obstáculos para facilitar a vida do gato, além de evitar uma vida semi-domiciliada para fugir de acidentes externos e da maldade humana”.
Destaca Ludmila.
Calor & Hidratação
Nesse período de temperaturas elevadas – com Manaus registrando o dia mais quente do ano no dia 25 de agosto, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) –, é necessário destaque para a hidratação.
De acordo com Ludmila, há casos de gatos com deficiência que não conseguem se hidratar sozinhos de forma satisfatória, então o cuidado deve ser constante, a ponto de medir diariamente a quantidade de água necessária.
“De acordo com a indicação veterinária, até fluido subcutânea pode ser feita, dependendo da deficiência do animal”.
Ressalta.
A médica veterinária destaca algumas dicas para esse verão, de uma forma geral: deixar o ambiente mais ventilado e fresco, utilizando ventilador ou ar-condicionado; janelas teladas abertas para circulação do ar; tapetes que refrescam; água fresca e gelada; sachê com água; e atividades que envolvam o contato com gelo.
Como estudante na área e tutora exemplar, Katherine segue todas essas sugestões, usando especialmente gelo na água e bastante sachê. A ‘mãe’ de Cristal, Saci e Branca deixa claro que, mesmo com adaptações no dia a dia, uma das melhores decisões que tomou na vida foi ao adotar o trio.
“Eles vivem normalmente, só com algumas adaptações. Sem contar que são super saudáveis. Nada melhor que mudar a vida desses animais”.