Ao longo dos trĂȘs primeiros anos do terceiro mandato do presidente Luiz InĂĄcio Lula da Silva, a polĂtica externa brasileira entrou em uma nova fase e voltou a ocupar posição central na estratĂ©gia de desenvolvimento do paĂs.
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A reconstrução do diĂĄlogo diplomĂĄtico e a retomada da atuação ativa em fĂłruns multilaterais reposicionaram o Brasil no centro dos debates globais e ampliaram sua capacidade de articulação polĂtica, econĂŽmica e social.
Atuação global e reposicionamento diplomåtico
O reposicionamento internacional se expressou na presença constante do presidente em encontros estratĂ©gicos e na liderança brasileira em agendas sensĂveis, como combate Ă fome, reforma da governança internacional, defesa da democracia, enfrentamento ao extremismo, transição climĂĄtica justa e ampliação do comĂ©rcio exterior.
Durante a CĂșpula dos Chefes de Estado do BRICS, realizada no Rio de Janeiro, Lula destacou o papel do bloco na preservação do multilateralismo.
O BRICS Ă© um novo jeito de a gente fazer o multilateralismo sobreviver no mundo. A gente nĂŁo quer mais um mundo tutelado. Queremos fortalecer o processo democrĂĄtico, o processo multilateral, a paz, o desenvolvimento e a participação socialâ, afirmou.
Fortalecimento do Sul Global e o papel do BRICS
No eixo do Sul Global, o BRICS consolidou-se como um dos principais pilares da polĂtica externa brasileira. Em 1Âș de janeiro de 2025, o Brasil assumiu pela quarta vez a presidĂȘncia pro tempore do grupo, sob o lema âFortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e SustentĂĄvelâ.
A presidĂȘncia brasileira priorizou a cooperação prĂĄtica entre os paĂses-membros, com foco em desenvolvimento sustentĂĄvel, financiamento para paĂses em desenvolvimento, combate Ă s desigualdades e coordenação polĂtica. A atuação tambĂ©m fortaleceu o Novo Banco de Desenvolvimento como instrumento estratĂ©gico para projetos estruturantes e sustentĂĄveis.
Combate Ă fome no centro da agenda internacional
A presidĂȘncia brasileira do G20, em 2024, marcou a inserção do combate Ă fome e Ă pobreza no centro da agenda econĂŽmica internacional. O principal legado foi o lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, inspirada em polĂticas pĂșblicas brasileiras e voltada Ă articulação entre governos, organismos internacionais, bancos multilaterais, setor privado e sociedade civil.

Atualmente, a iniciativa reĂșne mais de 200 membros. Para o ministro do Desenvolvimento e AssistĂȘncia Social, Wellington Dias, o avanço da agenda exige maior coordenação financeira.
âPrecisamos de mecanismos mais sistemĂĄticos para integrar melhor o apoio entre os muitos membros da Aliança, sobretudo o financeiroâ, afirmou.
Integração regional e fortalecimento do Mercosul
No segundo semestre de 2025, o Brasil exerceu a presidĂȘncia pro tempore do Mercosul, reforçando a integração regional como instrumento estratĂ©gico de desenvolvimento e inserção internacional da AmĂ©rica do Sul.
A agenda incluiu o fortalecimento do mercado regional, a atualização de polĂticas em ĂĄreas como transição energĂ©tica e inovação, alĂ©m do debate sobre a renovação do Fundo para a ConvergĂȘncia Estrutural do Mercosul, responsĂĄvel pelo financiamento de dezenas de projetos estruturantes no bloco.

Combate ao crime organizado transnacional
Ainda no Ăąmbito do Mercosul, os paĂses aprovaram a EstratĂ©gia do Mercosul de Combate ao Crime Organizado Transnacional e criaram uma comissĂŁo especĂfica para coordenar açÔes conjuntas de segurança pĂșblica e justiça.
Durante a CĂșpula de LĂderes em Foz do Iguaçu, Lula ressaltou a necessidade de respostas integradas. âA segurança pĂșblica Ă© um direito do cidadĂŁo e um dever do Estado, independentemente de ideologia. Enfraquecer as instituiçÔes significa abrir espaço para o crime organizadoâ, declarou.
COP30 e protagonismo ambiental
A agenda ambiental voltou ao centro da diplomacia brasileira com a realização da COP30, em Belém. O encontro resultou na aprovação do Pacote de Belém, com 29 decisÔes voltadas ao avanço da ação climåtica internacional, incluindo temas como financiamento, transição justa e preservação ambiental.
Para o presidente, o evento consolidou o papel do Brasil no enfrentamento da crise climĂĄtica. âO multilateralismo saiu vitorioso e BelĂ©m ficou maravilhosamente bonita para o povo do ParĂĄâ, afirmou Lula.
Democracia, soberania e ordem multipolar
Em fĂłruns regionais e globais, o Brasil manteve discurso firme em defesa da democracia, da soberania e da solução pacĂfica de conflitos. Em encontros com lĂderes da AmĂ©rica Latina, Europa e Ăsia, o presidente defendeu uma ordem mundial multipolar baseada no diĂĄlogo e na cooperação.
Durante a cĂșpula da ASEAN, na MalĂĄsia, Lula afirmou que âum mundo multipolar Ă© mais propĂcio Ă paz do que um planeta dividido por rivalidades estratĂ©gicasâ, ao reforçar a convergĂȘncia de valores entre o Brasil e paĂses asiĂĄticos.
Com essa atuação, o Brasil consolida uma polĂtica externa orientada pelo multilateralismo, pelo diĂĄlogo e pela busca de maior protagonismo internacional.


