Um relatório divulgado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em parceria com a Hutukara Associação Yanomami (HAY), aponta a morte de pelo menos 570 crianças Yanomami por causas evitáveis entre 2019 e 2022. Os dados indicam que doenças como desnutrição, malária e pneumonia foram as principais responsáveis pelos óbitos, ocorridos em meio ao colapso do sistema de saúde na Terra Indígena Yanomami, que abrange os estados de Roraima e Amazonas.
A crise é agravada pela presença do garimpo ilegal na região. Segundo o levantamento, a atividade resultou na contaminação de rios com mercúrio em níveis até 8.600% superiores ao limite considerado seguro. Também foram registradas destruição de áreas de caça e cultivo, além de relatos de exploração sexual e trabalho forçado envolvendo jovens indígenas.
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Apesar das ações emergenciais iniciadas pelo governo federal em 2023, como a retirada de garimpeiros, o relatório aponta que os impactos da contaminação e da ausência prolongada de assistência devem se prolongar por vários anos.
O território Yanomami abriga cerca de 31 mil pessoas distribuídas em 390 comunidades. Deste total, aproximadamente 75% são crianças, adolescentes e jovens. O Unicef defende a implementação de políticas públicas integradas que garantam acesso à saúde, educação, alimentação adequada e valorização cultural. O documento servirá de base para discussões na COP30, marcada para ocorrer em Belém.