O presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) deixou Manaus, por volta de 16h desta terça-feira (9), após cumprir uma rápida agenda de inaugurações e um encontro com o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, no qual ambos demonstraram preocupações com a escalada de tensões entre países da região e o presidente dos EUA, Donald Trump.
Lula afirmou que os países amazônicos não precisam de intervenções estrangeiras para o combate ao crime organizado na região. Conforme o presidente, a “força da lei” será restituída com a presença do Estado simbolizada na inauguração do Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia (CCPI Amazônia), em Manaus (AM).
Em operação desde junho, a unidade é voltada ao enfrentamento de crimes transnacionais que afetam a Amazônia, em articulação conjunta entre forças de segurança pública do Brasil e de países vizinhos..
Lula fez referência às ações de governo dos Estados Unidos de enviar navios de guerra para a costa da Venezuela, país amazônico no sul no Caribe, com o argumento de enfrentar ameaças de cartéis de drogas latino-americanos. Para Lula, isso é um pretexto para intervir nos países da região.
“É a primeira vez na história da Amazônia que tantos atores se reúnem no mesmo espaço físico em torno do objetivo comum. Não precisamos de intervenções estrangeiras, nem de ameaças à nossa soberania. Somos perfeitamente capazes de ser protagonistas das nossas próprias soluções. As palavras-chaves são: ação integrada e cooperação”, ressaltou o presidente.
Na avaliação de Gustavo Petro, a movimentação norte-americana no continente envolve a grande quantidade de petróleo existente em países como Venezuela e Brasil.
“Agora a Venezuela está sob ameaça. Um barco foi alvejado [pelas forças militares norte-americanas] em águas do Caribe, sem que saibamos se, de fato, transportava drogas. Não podemos ficar calados. Precisamos nos unir e falar de igual para igual com os Estados Unidos. Não podemos defender governos que estejam ao lado dos genocidas. Caso contrário, as bombas cairão sobre nós também”, acrescentou o colombiano.
Fundo Amazônia investe na segurança da região
A estrutura do Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia (CCPI Amazônia) tem investimento de R$ 36,7 milhões do Fundo Amazônia, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Pelo lado brasileiro, a nova unidade vai articular Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Força Nacional e as forças policiais dos estados da Amazônia Legal – Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.
A estrutura inclui serviço de inteligência, divisões de operações e logística, sala de videomonitoramento, gabinete de crise, sala de imprensa, entre outros espaços voltados à atuação coordenada.
O centro integra o Plano Amazônia: Segurança e Soberania (AMAS), lançado em 2023, que recebeu R$ 318,5 milhões do Fundo Amazônia para ampliar a capacidade de inteligência, fiscalização e repressão contra crimes que afetam a floresta.
Além do CCPI, os recursos apoiam a aquisição de helicópteros, lanchas blindadas, viaturas e drones, para ampliar a atuação integrada das forças de segurança federal e estaduais.