Duas famílias do interior do Amazonas vivem dias de angústia e incerteza enquanto buscam respostas sobre o paradeiro de duas mulheres e de seus filhos, cada uma é mãe de um menino e uma menina, todos desaparecidos em diferentes datas entre 2024 e 2025. O principal suspeito dos seis desaparecimentos é Alexsandro da Silva, conhecido como “Branco”, de 36 anos, que está foragido desde julho deste ano. A Polícia Civil do Amazonas conduz uma força-tarefa para localizar o homem, que já foi preso e é investigado por suspeitas que envolvem sequestro, ocultação de cadáver e crimes contra a dignidade sexual.

Primeiro desaparecimento: Ana Paula e os filhos

O caso começou a ser investigado em fevereiro de 2025, quando o ex-companheiro de Ana Paula da Costa Barbosa, de 28 anos, registrou um boletim de ocorrência em Alvarães (a 531 km de Manaus), relatando o desaparecimento dela e dos dois filhos do casal: Kauã Miguel Barbosa de Sousa, de 10 anos, e Maria Ísis Barbosa de Sousa, de 7. A última comunicação da família com Ana Paula foi em abril de 2024.
As investigações apontaram que Ana Paula havia se mudado para o município de Tefé, acompanhada de Alexsandro da Silva, com quem mantinha um relacionamento. Após o desaparecimento, mensagens supostamente enviadas por Ana Paula passaram a ser recebidas por familiares, mas os textos continham erros e informações incoerentes, o que levou à suspeita de que outra pessoa estaria se passando por ela.
Durante as apurações, a polícia identificou movimentações bancárias, tentativas de venda de bens da vítima e o uso de documentos dela por Alexsandro. Uma matrícula escolar de uma das crianças também foi feita por ele. Em maio de 2025, a Justiça decretou sua prisão temporária, e ele foi localizado em Tefé, onde prestou depoimentos contraditórios.
Após dez dias detido, a prisão temporária foi convertida em preventiva. No entanto, em 14 de julho de 2025, Alexsandro fugiu do presídio de Tefé. Desde então, está foragido.
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Descobertas e indícios

No decorrer das buscas, a Polícia Civil encontrou, em uma área de mata na comunidade Açaítuba, uma cabana onde estavam objetos pessoais de Ana Paula e de Alexsandro. Também foram localizadas ossadas humanas, supostamente de um adulto e duas crianças. Fragmentos, como um crânio com dentes e costelas alinhadas, foram recolhidos e enviados para exames de DNA. A confirmação da identidade das vítimas ainda depende do laudo pericial.
Famílias das vítimas voltaram ao local em agosto de 2025 para prestar homenagens e encontraram novos restos mortais, possivelmente levados à superfície pela baixa do rio. Todo o material recolhido foi entregue à Polícia Civil.

Segundo desaparecimento: Hevilyn e os filhos

Com o avanço das investigações, a Polícia Civil relacionou Alexsandro a outro caso semelhante. Hevilyn Kalena de Souza Solart, de 25 anos, ex-namorada do suspeito, desapareceu em outubro de 2024 durante uma viagem de Tefé para Manaus, acompanhada dos filhos Hanna Sophia Solart, de 9 anos, e Yuri Kalel da Silva, de 4. Desde então, os três não foram mais vistos.
A ligação entre Alexsandro e Hevilyn foi confirmada após a descoberta da certidão de nascimento de Hanna Sophia em uma residência anteriormente ocupada por ele. A Polícia então instaurou um segundo inquérito, que também está em andamento.
Investigações em andamento
Até o momento, foram cumpridos mandados em pelo menos cinco residências e cerca de 31 pessoas já foram ouvidas. Algumas foram presas por supostamente auxiliarem o foragido com recursos e informações. A Polícia Civil afirma que mantém diligências contínuas para localizar Alexsandro e esclarecer os desaparecimentos.
A equipe da 57ª Delegacia Interativa de Polícia (DIP) de Alvarães está à frente do caso, com apoio da delegacia de Tefé. O delegado Marcelo Lopes, responsável pelas investigações, afirmou que há padrões comportamentais semelhantes entre os dois desaparecimentos. Alexsandro tem antecedentes por estupro de vulnerável, violência doméstica e outros crimes, o que reforçou as suspeitas.
“As investigações seguem no sentido de identificar as ossadas, através de confrontação genética, mas já há outros indícios que ligam o autor ao desaparecimento de outras pessoas. Coletamos informações através do Disque-Denúncia, verificamos a veracidade e executamos diligências. Assim tem sido feito por equipes de Alvarães e Tefé, de forma incessante desde a fuga do presídio de Tefé”, explicou o delegado.
Ainda conforme o delegado, Alexsandro apresenta um padrão de conduta. “Um modus operandi que se repete. Tanto na identificação da vítima, como na interação com a família. Ele se aproveita da vulnerabilidade delas, que são mães solos, e as manipula. Tudo isso é um comportamento que a gente conseguiu identificar de forma padronizada.”, destacou.
Denúncias
A Polícia Civil do Amazonas solicita que qualquer informação sobre o paradeiro de Alexsandro da Silva, seja repassada por meio dos canais de denúncia anônima:
📞 (97) 98417-7265 (57ª DIP de Alvarães)
📞 181 (Secretaria de Segurança Pública do Amazonas – SSP-AM)
A identidade do denunciante será preservada.