O tempo seco e a baixa umidade no chamado Verão Amazônico podem causar maior ressecamento das vias áreas, além da maior exposição à poeira e fumaça. Esse conjunto de situações faz com que pacientes busquem alívio nos descongestionantes nasais, medicamentos que podem funcionar como aliados, mas que também levam a problemas de saúde se usados em excesso.
A médica clínica geral e professora da Afya Faculdade de Ciências Médicas de Itacoatiara, Bruna Borges, explica que os descongestionantes são indicados para o alívio rápido de obstrução das narinas, causada por resfriados, síndromes gripais, rinites e sinusites.
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O problema, diz ela, é quando o uso passa a ser excessivo, levando a lesões na mucosa nasal, o que por vezes gera dependência física e psicológica. “O paciente está sempre buscando o alívio rápido causado pelo medicamento e, quando fica sem, acha que não consegue respirar”, disse.
De acordo com a médica, o ponto de alerta de que tem algo errado é se o paciente estiver usando o medicamento há mais de cinco dias ou se relata que só melhora se usar o descongestionante específico. “A congestão nasal persistente não é normal. É necessário procurar ajuda médica. Pessoas com rinite e sinusite precisam tratar a causa base e não apenas o sintoma”, destaca.
Outras medidas que podem ser adotadas é evitar estímulos que causam a congestão, como contato com poeira e mofo, além de fazer a lavagem do nariz com soro fisiológico regularmente.
No caso das crianças, os descongestionantes nasais não são indicados, principalmente se elas forem muito pequenas. A médica pediatra e professora da Afya Educação Médica, Vanessa Mendes, diz que esse tipo de medicamento pode causar efeitos colaterais como agitação, insônia, aumento da pressão e até piora da congestão nasal depois que o efeito do remédio passa. “O que parece ajudar no começo, pode acabar atrapalhando ainda mais o tratamento”, alerta.
Segundo Vanessa Mendes, a congestão nas crianças, assim como nos adultos, tem várias causas, desde um resfriado, alergia ou irritação por mudança de clima. A recomendação aos pais é que procure o médico pediatra para identificar o motivo e adotar formas seguras e eficazes de aliviar os sintomas.
A médica reforça que o melhor tratamento depende da causa da congestão, mas algumas medidas simples costumam ajudar bastante, como lavar o nariz da criança com soro fisiológico algumas vezes ao dia, deixar o ambiente mais úmido, usando umidificador ou uma bacia com água no quarto. Também é importante evitar poeira, fumaça, mofo e cheiros fortes que podem piorar a congestão. Além disso, os cuidadores devem oferecer bastante líquido, porque isso ajuda a deixar o muco mais fino e mais fácil de sair.
“Se mesmo com esses cuidados a criança continuar com o nariz entupido por vários dias, tiver febre ou dificuldade para dormir e se alimentar, vale procurar o pediatra para investigar melhor”, orienta.