Começou nesta segunda-feira (26/05), em Rio Branco, no Acre, uma nova expedição científica na Amazônia que se estenderá até o dia 10 de junho. O grupo de pesquisadores visitará áreas estratégicas da região Sul da Amazônia, onde se concentra o maior número de geoglifos do Brasil — gigantescas formas geométricas gravadas no solo, visíveis graças ao desmatamento e queimadas, principalmente no estado do Acre.
Entre Rio Branco e Boca do Acre, no sul do Amazonas, já foram identificadas 523 estruturas arqueológicas, com formatos variados como círculos e quadrados. Acredita-se que essas figuras tenham sido construídas por antigas civilizações amazônicas, revelando um passado culturalmente e tecnologicamente avançado.
A expedição na Amazônia utilizará drones e sensores LiDAR (Light Detection and Ranging), tecnologia de alta precisão que permite mapear áreas cobertas por vegetação e identificar estruturas ocultas no solo. O foco principal será coletar amostras biológicas para análise com Carbono-14, técnica que determina a idade de materiais orgânicos e ajuda a estabelecer uma cronologia precisa das ocupações humanas na região.
LEIA TAMBÉM: Garimpo ilegal ameaça terra indígena em Borba
Expedição no Acre revela complexidades
Pesquisas recentes sugerem que, entre 2 mil e 3 mil anos atrás, sociedades com conhecimento geométrico sofisticado habitavam o sul da Amazônia, com organização social comparável à da Grécia Antiga. A expedição passará por Assis Brasil (fronteira com o Peru), Boca do Acre (AM), além das margens dos rios Purus, Madeira (RO) e Abunã, na divisa do Acre com Pando, na Bolívia.
Entre os participantes da expedição estão o Dr. Martti Pärssinen, da Universidade de Helsinki; o Dr. Rhuan, da Universidade Federal do Pará; e o Dr. Wenceslau Teixeira, da Embrapa Solos, do Rio de Janeiro. Também participa o cientista Alceu Ranzi, reconhecido internacionalmente pelos estudos dos geoglifos do Acre, autor do livro Geoglifos do Acre: Passado Profundo.
Ranzi foi pioneiro na identificação dessas estruturas arqueológicas e ressalta sua importância para a compreensão do passado amazônico. A expedição representa mais um passo para a valorização, proteção e preservação do patrimônio arqueológico da Amazônia brasileira.