Nesta semana, a Escola Superior de Artes e Turismo (ESAT) da Universidade Estadual do Amazonas (UEA) foi palco de uma experiência transformadora: 30 alunos das escolas estaduais Manuel Antônio de Souza e Gilberto Mestrinho, ambas localizadas no bairro Colônia Antônio Aleixo, participaram de uma mediação cultural conduzida por estudantes do curso de Teatro.
A atividade integrou teoria e prática, oferecendo aos jovens um encontro com a arte e a universidade. A programação contou com transporte de ida e volta, um tour pela instituição, jantar, e o ponto alto do evento: uma adaptação do espetáculo Medéia, de Eurípedes.
A apresentação integrou a Mostra Interdisciplinar de Teatro (MITO), que ocorre todos os anos nos dois semestres, reunindo trabalhos desenvolvidos pelos alunos ao longo do curso.
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Os responsáveis pela mediação foram Carla Aloyá, Dimitrov Pires, Lorena Melo, Thays, Pedro Lucas, Drekhaos e Grazi Aragão, integrantes da turma TEA2024. Sob a coordenação do professor Taciano Soares, os estudantes utilizaram técnicas de diálogo e interação para aproximar os jovens do universo artístico e acadêmico, promovendo reflexões sobre o papel da arte na sociedade.
Sobre a experiência a Lorena Melo, atriz e estudante de teatro, diz que “mediar o espetáculo Medeia foi de uma descoberta enorme e extremamente engrandecedora, pois nós não temos noção do quanto ainda é difícil a população ter acesso ao teatro, às artes. Nós nos deparamos com dificuldades para acessar essas pessoas, por elas serem mais fechadas, desconfiadas, mas com sensibilidade, empenho e conhecimento que estamos adquirindo na universidade, conseguimos conquistá-las e levar 30 alunos para viver essa nova experiência. Podemos dizer que demos um grande passo para formar possíveis novos espectadores. Então, é algo que nós temos que continuar fazendo, porque tem um campo enorme e muito necessitado para que nós possamos tocar e conquistar.”
Para o professor Taciano Soares, “o trabalho de mediação teatral reflete o compromisso da universidade em formar artistas conectados com a realidade social. O trabalho da mediação teatral vem acontecendo na Universidade comigo desde 2022, quando também retomei a MITO, e esse ano ele apresenta uma diversidade. Tem sete grupos envolvidos, com sete possibilidades diferentes do teatro acontecer, e com sete grupos sociais sendo atendidos também de uma maneira mais abrangente.
Acho que é importante para que a gente entenda que na formação do artista de teatro não tem como dissociar a relevância de aproximarmos do espectador, sobretudo daqueles que nunca foram ao teatro, e a própria Universidade apresentar também uma formação mais complexa para aqueles e aquelas que desejam fazer teatro. Acho que temos tido um bom resultado até aqui, e acredito que será da mesma forma essa semana, visto o empenho que todos os grupos estão em favor da melhor realização da mediação”, destacou.
O projeto, que faz parte da disciplina de Mediação Cultural, ministrada no segundo período dos cursos de licenciatura e bacharelado em Teatro, permite aos universitários aplicarem conceitos aprendidos em sala de aula enquanto proporcionam aos alunos das escolas públicas um primeiro contato com o universo acadêmico e teatral.
Desde 2010, o curso de Teatro da UEA vem formando artistas e educadores por meio de um processo seletivo que inclui provas de habilidades específicas e o Sistema de Ingresso Seriado (SIS). Oferecendo tanto a licenciatura quanto o bacharelado, o curso é reconhecido como um espaço de formação cultural e artística que valoriza as potencialidades do cenário amazônico.
Os alunos participantes expressaram entusiasmo e curiosidade, tanto durante a visita guiada pela universidade quanto durante o espetáculo. Para muitos, foi a primeira vez em contato com uma produção teatral e com o ambiente acadêmico, experiências que prometem marcar suas trajetórias.
Para Carla Aloyá, atriz e estudante de teatro, “A mediação nos permitiu ir até a comunidade e trazê-la para a universidade. Pudemos apresentar a ESAT, os cursos e o teatro há muitos que tiveram esse contato pela primeira vez. Acreditamos que hoje podemos contribuir para formação de pelo menos 30 novos espectadores e novos mediadores e mediadoras. Atividades assim são relevantes para nós aplicarmos na prática o ensinamento da sala de aula”.
O projeto reforça o papel da UEA como promotora de inclusão e transformação social, ao mesmo tempo em que valoriza a formação prática e humanística de seus estudantes.