O prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), entra na segunda semana seguida de desgaste de sua imagem pública por conta de problemas no #SouManaus Passo a Paço 2023. A decisão de vender ingressos para determinados espaços, que variam de R$ 30 a R$ 30 mil (camarote fechado), em um evento que é público se mostrou um tiro no pé do marketing de David e da Prefeitura.
Além disso, a troca de garrafas pets por pulseiras sem um planejamento adequado também torna o evento menos acessível. Pelo menos é o que achou a Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE – AM) que pediu para suspender a cobrança de ingressos, em qualquer modalidade, e a troca de garrafas pets ou alimentos para acesso às atrações do festival.
De acordo com o documento, a medida leva em consideração às manifestações da população, que demonstram insatisfação com o formato adotado “pela qual resta patente que as principais atrações sofreram forte restrição de acesso, seja pela necessidade de compra de ingressos, seja pela necessidade de troca de pulseiras de acesso”.
Nas redes sociais, o evento recebe chuvas de críticas. O orçamento para a festa é de R$ 13 milhões. Vereadores cobram mais transparência.
Outro lado
Após a repercussão negativa na imprensa e nas redes sociais, o prefeito de Manaus concedeu entrevista ao radialista Ronaldo Tiradentes, na última sexta-feira (25/08). Ele é afirmou que há “muita desinformação” e justificou as mudanças no Sou Manaus afirmando que eventos, como o Carnaval do Rio de Janeiro, têm áreas pagas. Ele disse ainda que o novo formato vai colocar o Sou Manaus em “outro patamar”.
De acordo com o político, nem metade do orçamento previsto foi usado por conta de ações das vendas de ingressos. A reação foi tardia e o desgaste de imagem está feito.
O caso impeachment
Após a Câmara Municipal de Manaus (CMM) arquivar o pedido de impeachment contra David Almeida, o político viajou para São Paulo para descobrir o que chamou de trama contra ele. A informação é do site BNC. A atitude mostra que o prefeito busca um vilão e tenta conter danos políticos a um ano da eleição.
Extrema direita rachada
Falando em eleição 2024, o clima no PL esquentou de vez e releva um racha no partido do ex-presidente Jair Bolsonaro aqui no estado. O candidato derrotado ao senado em 2022, Cel. Alfredo Menezes, foi expulso da legenda. Ele travava uma disputa interna com o deputado federal Capitão Alberto Neto para saber quem seria candidato a prefeito de Manaus pela sigla. Menezes diz que vai recorrer em instâncias superiores e Neto declarou que a expulsão tem o aval de Bolsonaro. A expulsão de Menezes do PL mostra que apoio de Bolsonaro não vale mais tanto assim. Alfredo Menezes se diz amigo pessoal do ex-presidente.
Prisão de Bolsonaro
Menezes se mostrou desanimado sobre o futuro de Bolsonaro. Ao ser questionado pelo radialista Ronaldo Tiradentes, se o ex-presidente seria preso, ele foi enfático. “É previsível pelo momento que a gente tá vivendo”. Meneses disse também que Jair está sendo perseguido pela justiça. Bolsonaro está sendo investigado no caso das joias preciosas presenteadas por outros países que deveriam ser encaminhadas ao acervo da Presidência da República, o que não ocorreu.
Governador questiona decisão da Funai
“Um erro”. Foi assim que o governador do Amazonas, Wilson Lima (UB), qualificou a recomendação da Funai em suspender processo de licenciamento para exploração de potássio no município de Autazes, interior do Amazonas, até conclusão dos trabalhos de identificação dos limites de Terras reivindicadas por indígenas da etnia Mura. “A decisão é um erro. O mundo precisa entender que a gente só protege verdadeiramente a floresta quando geramos oportunidade de emprego e renda para as pessoas que vivem na Amazônia.”
Um vice articulador
A atuação do vice-governador Tadeu de Souza tem agradado setores do governo.
O entrosamento com o governador Wilson Lima é demonstrado na agenda conjunta de
ambos. Eles receberam juntos o Ministro da Educação, Camilo Santana, para a
adesão do Amazonas aos novos programas do Governo Federal. Tadeu de Souza
demostra ter um papel articulador e conciliador. Coube a Tadeu anunciar novos voos
da Latam para o Rio de Janeiro como forma de atrair novos investimentos para o
Amazonas. O vice-governador também mantém agenda no interior para o lançamento
de mutirões de cirurgias.
Aterro do Tarumã
Vereadores de Manaus decidiram dar uma pausa na aprovação de homenagens e projetos de pautas conservadoras para se debruçarem em um assunto de fato relevante. A Casa promete acionar o Ministério Público do Amazonas (MP-AM) para tentar impedir a construção de aterro sanitário nas proximidades do igarapé do Leão, um dos afluentes do Rio Tarumã-Açú. Há o temor que toda a região, que é turística, seja poluída. A CMM resolveu se mexer após o avanço das obras que, além de ameaçar o meio ambiente, traz perigo às propriedades privadas como alegou o presidente da Câmara, vereador Caio André (Avante), em entrevista para rádio BandNews FM Manaus. E se fosse na Zona Leste, a CMM iria reagir ?
ALEAM e TCE
O Conselheiro do Tribunal de Contas do Amazonas (TCE- AM), Josué Neto, usou as redes sociais para criticar a obra do aterro sanitário. O assunto também dominou a pauta na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (ALEAM). “Há pouco tempo estávamos discutindo a retirada dos flutuantes no rio Tarumã e agora somos surpreendidos com a construção dessa lixeira. Essa Casa precisa se pronunciar, não podemos permitir que a área seja poluída”, disse a deputada Alessandra Campêlo (Podemos).
Retrocesso e preconceito
Na semana que o Supremo Tribunal Federal (STF) equiparou o crime de homofobia e transfobia como injúria racial, a ALEAM votou um projeto de lei que quer proibir a participação de crianças na parada do orgulho LGBTQIAP+. O autor é o deputado estadual bolsonarista Delegado Péricles (PL). Os deputados esquecem que LGBT’s pagam impostos, têm famílias e podem adotar filhos segundo prevê a lei. Vale lembrar que a presença de crianças no carnaval, por exemplo, é permitida mediante o cumprimento das regras do Estatuto da Criança e do Adolescente. O viés do texto tem como pano de fundo o preconceito. Nunca é demais lembrar que homofobia é crime no Brasil.