A recente onda de ataques que acomete escolas no Brasil levanta, além de um sentimento de insegurança, questões comportamentais que, em muitos níveis, podem ampliar o medo e a desconexão com o que de fato o espaço escolar representa: um lugar de acolhimento.
Diante de tão trágicas notícias, é instintivo que o compartilhamento de imagens, vídeos ou fotos dos agressores e dos ataques circulem nas redes sociais, em grupos de WhatsApp ou outros meios de comunicação. A orientação de especialistas é de que isso não ocorra, mesmo em grupos privados, para evitar o chamado “efeito contágio”.
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O que é o ‘efeito contágio‘
A proximidade entre ataques é atribuída ao “efeito contágio” porque as pesquisas mostram que esses incidentes geralmente ocorrem em aglomerados e tendem a ser contagiosos. E a cobertura intensiva da mídia parece impulsionar o contágio, dizem especialistas em psicologia.
Esse fenômeno tem sido estudado em diferentes universidades nos Estados Unidos, que somente em 2023 já registrou 96 ocorrências com armas em escolas, segundo o projeto K-12 School Shooting Database, um banco de dados que mapeia a violência escolar naquele país.
Em um estudo de 2016, pesquisadores da Western New Mexico University apontaram que a recorrência desses crimes aumentou a cobertura de imprensa a seu respeito a um ponto no qual comunidades em mídias sociais glorificam os atiradores ou perpetradores de ataques e menosprezam as vítimas.
Essa mesma pesquisa menciona uma outra, de 2015, que ressalta como eventos de violência extrema em escolas tiveram um intervalo reduzido: um em cada 31,6 dias, quando comparados a três eventos por ano antes dos anos 2000.
A recente onda de ataques que acomete escolas no Brasil levanta, além de um sentimento de insegurança, questões comportamentais que, em muitos níveis, podem ampliar o medo e a desconexão com o que de fato o espaço escolar representa: um lugar de acolhimento.
Diante de tão trágicas notícias, é instintivo que o compartilhamento de imagens, vídeos ou fotos dos agressores e dos ataques circulem nas redes sociais, em grupos de WhatsApp ou outros meios de comunicação. A orientação de especialistas é de que isso não ocorra, mesmo em grupos privados, para evitar o chamado “efeito contágio”.
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Conversas sempre são importantes
Comportamentos online podem ser acompanhados e supervisionados. E neste caso de combate à violência e estratégias de prevenção, as conversas podem ser úteis para evitar que novos ataques ocorram. Uma das ações possíveis é estar sempre atentos a possíveis comportamentos que podem gerar alertas.
Existem atualmente muitos grupos online que incentivam ataques violentos e, neste sentido, tanto a escola, quanto as famílias podem trabalhar em conjunto para acompanhar as rotinas online de crianças, adolescentes e jovens.
Um relatório do governo dos Estados Unidos de 2019 pontuou: indivíduos que atacam escolas geralmente possuem diferentes motivações e, quando elas estão inseridas diretamente no contexto da escola atacada, podem estar interligadas questões de relacionamento.
O texto também destaca que não existe, necessariamente, um perfil de escola para que esses ataques ocorram. Ou seja, separar momentos para que ocorram conversas sobre o tema a fim de prevenir a associação de estudantes a esses grupos é uma outra orientação que pode surtir um bom efeito.
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Apoio da educação midiática
Dentro deste contexto, a educação midiática acaba tendo proeminência. O que acontece no mundo online tem impacto no mundo físico e, quanto mais as escolas e as famílias puderem se debruçar sobre isto, melhor.
Um outro ponto importante é trabalhar para que o universo online não exerça tanta influência nas vidas das crianças, adolescentes e jovens. No artigo “Diálogo e acordos entre pais e filhos podem evitar dependência digital“, escrito por Bruno Ferreira, assessor pedagógico do EducaMídia, é defendido o equilíbrio entre a exposição às telas e as vivências longe delas.
“Quando excessivamente imersos em ambientes online, não é raro que crianças e adolescentes demonstrem apatia e desinteresse por interações presenciais ou por outras formas de lazer, entretenimento e informação que não dependam de conexão à internet. Isso é, de fato, bastante preocupante”
Escreve.
Algumas das motivações de ataques são baseadas em desafios e jogos encontrados na internet e, por isso, em favor do combate à violência, é saudável que se acompanhe de perto esse período online.
“É fundamental manter um processo constante de diálogo e negociação acerca do tempo gasto em redes sociais para puro entretenimento, bem como sobre o que fazem nas redes enquanto estão online. Com isso, é importante perceber que esse deve ser um acordo estabelecido com os jovens, processo em que nós, adultos, expomos a nossa preocupação com seu desenvolvimento pleno e com a consequente necessidade de equilibrar o tempo de permanência e uso que fazem das redes”
Conclui Bruno.
Do site Porvir
Por: Vinícius de Oliveira / Ruam Oliveira / Ana Luísa D’Maschio
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