Desde 2017, quando teve início o Programa de Ampliação do Diagnóstico Precoce das Leucemias para o interior do Amazonas, já foram identificados 98 casos da doença nos municípios do interior do Estado, segundo dados da Fundação Hospitalar de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas (Hemoam). O número corresponde a um aumento de 30% em relação aos anos anteriores ao Programa.
Antes de o Programa ser ampliado para o interior, pelo menos 80% dos casos de leucemia aguda encaminhados ao Hemoam eram de Manaus e municípios da região metropolitana.
Segundo o médico hematologista e Diretor Clínico do Hemoam, Nelson Fraiji, a partir do Programa de Diagnóstico Precoce das Leucemias o cenário começou a mudar. “O Programa se mostrou eficaz porque a gente consegue, por meio dele, diagnosticar casos que antes não eram possíveis em virtude dos custos e a complexidade metodológica. E é preciso salientar que o tratamento precoce é essencial quando falamos em tratamento e cura”, acrescentou.
Coari é um dos municípios onde profissionais de saúde receberam treinamento para o Programa. Antes de 2017, os registros de casos de Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA) oriundos do município eram raros. De 2017 a 2021, 16 casos foram identificados por meio do Programa. No município, quatro profissionais foram capacitados.
O Programa
O intuito do Programa é capacitar profissionais para diagnosticar precocemente o câncer no sangue e, com isso, aumentar as chances de cura para pacientes oriundos dos municípios amazonenses. Desde 2017, a iniciativa já capacitou 87 profissionais de 37 cidades do interior.
Também foi estabelecido um grupo de consultoria no aplicativo Whatsapp, onde são realizadas “microscopias virtuais”, materializadas por meio de fotos realizadas em microscópio e enviadas para discussão coletiva.
“Eles mandam as fotos das células, nós identificamos a possibilidade de ser uma leucemia ou uma doença maligna qualquer do sangue, e aí articulamos para que as crianças e os adultos venham o mais rápido possível”, esclareceu o diretor clínico do Hemoam, Nelson Fraiji.
O programa tem apoio do Instituto Ronald McDonald, por meio do Grupo de Apoio à Criança com Câncer do Amazonas (GAAC).
Fevereiro Laranja
Fevereiro é o mês de conscientização para o combate à leucemia. A leucemia é uma doença que se inicia na medula óssea, onde são produzidas as células que formam o sangue. Os primeiros sintomas costumam aparecer com manchas roxas pelo corpo, febre constante, sangramentos, dores ósseas, perda de peso, sonolência, vômito, caroços e inchaços na região do abdômen e pescoço.
Ainda não há evidências científicas que deixem claro o que desencadeia a leucemia. Por isso, o diagnóstico precoce é a principal recomendação. Quando identificado e tratado logo no início, as chances de cura podem passar de 80%.
Diante da suspeita, o primeiro exame realizado deverá ser o exame de sangue. Em caso positivo, o paciente deverá passar por avaliação de um hematologista, médico especialista em doenças do sangue. A confirmação do diagnóstico poderá ser feita através do exame da medula óssea, chamado de mielograma. Algumas vezes pode ser necessária a realização de biópsia da medula óssea.
A terapêutica da leucemia envolve combinações de quimioterápicos, medicamentos que têm o objetivo de destruir as células cancerígenas para que a medula óssea volte a produzir células normais. Para alguns casos específicos, é indicado o transplante de medula óssea.
O Amazonas ainda não tem uma unidade transplantadora. Com a inauguração do Hemoam Hospital, o complexo vai se tornar referência no diagnóstico e tratamento de todos os tipos de cânceres pediátricos do Amazonas.