Com a proximidade das festas de final de ano e o pagamento do 13° salário, os relatados de golpes praticados por meio do aplicativo de mensagens WhatsApp aumentam em todo o país. Para que a população saiba como evitar golpes virtuais e não seja prejudicada com o roubo de dados e dinheiro, o Projeto Defensoria Digital, da Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM), alerta para os principais golpes praticados por WhatsApp.
O defensor público, Marcelo Pinheiro, autor do projeto, explica que os golpes digitais ocorrem a todo momento devido a quantidade de usuários e facilidade de acesso a dados pessoais e financeiros que atraem os golpistas. Prática que se intensifica, conforme adverte o defensor, com o pagamento do 13° salário e o aumento de compras online, principalmente devido à pandemia de Convid-19 que fez, segundo ele, os consumidores passarem a usar mais o ambiente digital para compras.
“Os estelionatários estão sempre aprimorando os golpes por WhatsApp para enganar as vítimas e lucrar com isso. Com as compras de Natal, os índices desse tipo de golpe aumentam. Nem a simbologia do espírito natalino sensibiliza os golpistas, pois é justamente nesse período que costumam intensificar os golpes”, disse Marcelo Pinheiro.
“Os crimes digitais causam danos e riscos às pessoas, principalmente, idosos e pessoas com baixo grau de instrução que são atraídas e acabam clicando em um link suspeito, tendo os dados pessoais sequestrados e utilizados para outros golpes. Nossa intenção no Projeto Defensoria Digital é alertar a população para que não caia nesse tipo de armadilha e evite transtornos posteriores”, registrou.
Confira abaixo os principais golpes praticados via WhatsApp e como se proteger
Clonagem do WhatsApp – A clonagem do WhatsApp é um dos tipos de golpe mais comuns. O golpista envia uma mensagem por SMS para a vítima, com um código de seis dígitos, se passando por uma empresa ou instituição que oferece uma proposta atraente. Na maioria das vezes, são oportunidades de descontos, promoções ou um falso prêmio para a vítima.
Em seguida, o golpista faz uma chamada telefônica para a pessoa ou envia mensagem no WhatsApp relatando um suposto erro, reclamação ou uma proposta com falsa vantagem para a vítima. Na sequência, ele solicita que a vítima envie o código de verificação que foi enviado por SMS para validar as informações, mas o código solicitado é justamente o de autenticação do usuário no WhatsApp.
De posse do código, o golpista consegue “sequestrar” a conta da vítima e instalá-la no dispositivo dele. Com o WhatsApp clonado, passa a ter acesso à lista de contatos e grupos da vítima no aplicativo. A partir daí, tenta aplicar golpes com a conta falsa, geralmente pedindo dinheiro para amigos e familiares da vítima.
Para não cair no golpe, o defensor Marcelo Pinheiro orienta que é necessário manter o WhatsApp duplamente protegido ativando a confirmação em duas etapas. Para isso, basta clicar em Configurações, Conta, Confirmação em duas etapas e escolher um PIN, senha numérica composta por seis dígitos que é exigida toda vez que o usuário fizer o login (acesso) da conta. “Desta forma, mesmo que o WhatsApp seja clonado, o golpista não conseguirá ativar o contato em outro aparelho porque não terá o código PIN”, explica o defensor.
Pedido de dinheiro – Quando clonam o contato de alguém, na maioria das vezes os golpistas se passam pela vítima e enviam uma mensagem no WhatsApp pedindo dinheiro emprestado para o contato que ela conhece. Eles fazem parecer que é uma conversa comum, mas a vítima não sabe que quem está enviando mensagens é um golpista.
Exemplo: “Oi, fulano (a). Tudo bem? Preciso fazer uma transferência agora, mas deu um problema aqui porque já excedi o limite da minha conta por hoje, mesmo tendo dinheiro em conta. Acredita? Tô precisando dessa ajuda e amanhã eu faço uma transferência devolvendo o valor. Pode fazer isso para mim?”
Outra situação é quando enviam uma mensagem dizendo: “Oi fulano (a), pode me fazer um favor? Preciso pagar um boleto que vence hoje, só que já usei meu limite de transações. Pode pagar para mim? Amanhã transfiro o dinheiro para você”.
De acordo com o defensor, o golpista também pode roubar dados públicos de uma pessoa em uma rede social, como nome, foto de perfil e status e criar uma nova conta no WhatsApp. Em seguida, entra em contato com amigos e familiares da vítima informando que trocou de número e pede dinheiro emprestado. “Nesse caso, vale ressaltar que o WhatsApp informa automaticamente quando um contato troca de número. Por isso, se receber esse tipo de contato, desconfie sempre”, observa o defensor.
Caso a pessoa receba esse tipo de mensagem, provavelmente é uma ação de estelionatários. Nesse caso, o defensor Marcelo orienta que quem recebeu a mensagem deve ligar para o contato ou fazer uma chamada de vídeo para se certificar que não se trata de golpe. “Outra forma de se proteger é ocultar fotos de perfil do WhatsApp e deixá-las visíveis somente para contatos”, explica o defensor.
Golpe do PIX – No golpe do PIX, golpistas enviam mensagem para o WhatsApp da vítima informando que erraram o número da conta ao fazer um PIX agendado para a conta dela. Em seguida, o golpista pede a devolução do valor agendado. Se a vítima acreditar e transferir o valor solicitado, perde o dinheiro.
“Os criminosos também podem entrar em contato com a vítima se passando por funcionários de bancos. Eles informam que a vítima precisa fazer uma atualização de dados, por exemplo, e oferecem ajuda para cadastrar uma nova chave PIX. Em seguida, solicitam que a vítima faça um teste para verificar se a transferência está funcionando. Quando o valor é transferido, a vítima perde o dinheiro”, esclareceu o defensor.
Falsa pesquisa – Outra forma de golpe praticada por WhatsApp é a falsa pesquisa. Os golpistas entram em contato alegando que estão realizando pesquisa sobre o novo coronavírus, por exemplo, e utilizam linguagem técnica para dar credibilidade ao golpe. Após alguns minutos de conversa, os golpistas informam que a vítima precisa validar as respostas da pesquisa e que para isso deve informar um código enviado por SMS. Se a combinação numérica for compartilhada, a vítima tem o WhatsApp “sequestrado”, perdendo acesso ao aplicativo.
Segundo o defensor Marcelo Pinheiro, esses são apenas alguns exemplos de golpes. Ele ressalta que o WhatsApp passou a ser o meio de comunicação mais usado pelos brasileiros e que isso despertou também a atenção dos criminosos.
“É preciso desconfiar e nunca atender qualquer pedido suspeito de forma imediata. Sempre deve-se buscar confirmar dados de quem entra em contato propondo algo ou pedindo dinheiro. Da mesma forma, a pessoa nunca deve compartilhar o código de seis dígitos do WhatsApp”, ponderou.
“Hoje em dia as pessoas praticamente substituíram as ligações telefônicas por mensagens de WhatsApp. É uma nova forma de se relacionar, até para empresas que entram em contato com seus clientes por meio desse aplicativo de mensagens. A comunicação fica mais fácil por WhatsApp, mas os golpistas se aproveitam disso. A DPE-AM, por meio do Projeto Defensoria Digital, está atenta a essa mudança e à disposição da população que precisar de orientação, juntamente com a Delegacia Especializada em Repressão a Crimes Cibernéticos (DERCC), da Polícia Civil do Amazonas, com a qual estamos firmando parceria”, completou.
Caiu no golpe. O que fazer?
Segundo do coordenador do Núcleo de defesa do Consumidor da Defensoria (Nudecon), defensor Christiano Pinheiro, caso alguém acabe sendo vítima desse tipo de golpe, a recomendação é registrar um boletim de ocorrência na Delegacia de Crimes Cibernéticos ou na Delegacia do Consumidor para tentar identificar os criminosos.
“Esses golpes são caracterizados pela obtenção de forma ardilosa dos dados pessoais e intransferíveis das pessoas, não havendo responsabilidade das instituições financeiras, já que perpetrados por terceiros não pertencentes aos quadros funcionais dessas instituições. Portanto, não há que falar em responsabilidade civil dessas instituições, havendo a necessidade de identificação dos estelionatários para depois tentar-se obter a reparação civil pelo prejuízo”, explicou.
“Os casos em que há responsabilidade da instituição financeira geralmente são aqueles em que o consumidor não fornece nenhum dado seu, havendo uma falha na segurança do serviço. Um exemplo é a clonagem de cartão de crédito ou sumiço de valores depositados em conta bancária. Nestas situações, o banco pode ser responsabilizado civilmente”, complementou Christiano Pinheiro.