A Câmara Municipal de Itamarati (a 985 quilômetros de Manaus) está sendo investigada por um suposto esquema para obter empréstimos fraudulentos junto à Caixa Econômica Federal.
A operação “Parlatórium”, deflagrada pelo Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM) na manhã desta sexta-feira (14/02), com o apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), cumpriu mandados de busca e apreensão no município e em Manaus.
O órgão também pediu o afastamento de um vereador, que foi presidente da Câmara Municipal de Itamarati no período de 2021 a 2023, por possível envolvimento.
A operação foi conduzida pela Promotoria de Justiça de Itamarati, sob a titularidade do promotor de Justiça Caio Fenelon Assis Barros, e contou também com o apoio da Polícia Civil.
O esquema funcionava a partir de documentos e procurações de pessoas que não tinham o mínimo conhecimento do que se tratava, usando a Câmara de Itamarati como empregadora dessas pessoas, o que facilitava o empréstimo junto à agência bancária.
“Dessa forma, era possível obter empréstimos consignados que eram posteriormente sacados, mas cuja destinação desconhecemos”, explicou o promotor responsável pela condução da operação.
Mandados cumpridos
Foram cumpridos mandados de busca e apreensão nas duas cidades na casa do vereador, bem como na própria Câmara de Itamarati para a busca de documentos que possam demonstrar ou não o vínculo com esses eventuais servidores, com o intuito de que haja a comprovação de que eles efetivamente realizavam serviços para o órgão ou se eram apenas “fantasmas” ou “laranjas”, com seus nomes utilizados para a realização desses empréstimos e saques.
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Movimentações levantaram suspeitas sobre uso da Câmara de Itamarati
De acordo com a investigação do MP, entre 2021 e 2023 foram expedidas diversas procurações em nome de uma mesma pessoa a pedido deste vereador de Itamarati. Paralelamente, várias pessoas que tiveram empréstimos solicitados em seu nome buscaram a Promotoria de Justiça do município porque estavam sendo acionadas judicialmente pela Caixa Econômica, em decorrência de empréstimos cuja existência desconheciam.
As investigações apontam ainda que as pessoas que tiveram o nome envolvido e que procuraram o Promotoria relataram que nunca trabalharam na Câmara de Itamarati.
Desdobramentos da operação
A apuração do MPAM revelou que, entre 2021 e 2023, aproximadamente, cerca de 100 procurações foram expedidas — reforçando a suspeita de um esquema criminoso. De acordo com o promotor de Justiça, a partir dos documentos apreendidos na “Parlatórium” será possível verificar a extensão do crime, quantas pessoas efetivamente foram vítimas e quantas tiveram seus nomes utilizados para a obtenção desses empréstimos.
O eventual dano ao erário também está sob investigação, mas de forma paralela e sob responsabilidade da Polícia Federal.
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