Em 2024, 38,4 toneladas de drogas foram apreendidas no Amazonas, representando um aumento de 34,25% em relação a 2023, quando o total foi de 28,6 toneladas. Esse volume reflete o fortalecimento das operações de combate ao tráfico na região, já que o Amazonas é uma das principais rotas utilizadas por organizações criminosas na América do Sul para o tráfico de drogas.
Ano | Quantidade de Droga apreendida |
2016 | 9.763 |
2017 | 16.320 |
2018 | 8.847 |
2019 | 6.587 |
2020 | 22.969 |
2021 | 29.120 |
2022 | 26.797 |
2023 | 28.651 |
2024 | 38.464 |
Dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) mostram que, nos cinco primeiros meses do ano, o Amazonas apreendeu um total de 17 toneladas de drogas. Esse montante representa o dobro da soma de entorpecentes apreendidos em todos os outros estados da região Norte juntos. Para efeito de comparação, o Pará apreendeu 6,1 toneladas, Rondônia 1,8 tonelada, Acre 720 quilos, Roraima 372 quilos e Tocantins 58 quilos.
O secretário de Segurança Pública, coronel Vinícius Almeida, disse que o fortalecimento estrutural, aliado ao aprimoramento das ações de inteligência, foi essencial para o aumento expressivo no volume de apreensões e destacou também obras que fizeram a diferença neste ano.
“Para relembrar, no dia 4 de janeiro deste ano, fizemos o lançamento da Base Paulo Pinto Nery, a segunda estrutura operacional que atua de forma efetiva no Baixo Solimões, abrangendo áreas como Itacoatiara e Presidente Figueiredo. Além disso, estabelecemos a Base Tiradentes, que passou a operar no Alto Solimões. Com isso, ampliamos nossa estrutura de uma para quatro bases dedicadas ao combate ao tráfico de drogas, crimes ambientais e outras atividades criminosas que afetam diretamente nossos irmãos ribeirinhos. Hoje, o Amazonas é responsável por cerca de 70% das apreensões de drogas de toda a região Norte e Nordeste somadas”, enfatizou o Coronel.
Este ano a Polícia Civil (PC-AM) e a Polícia Militar (PMAM) adquiriram diversas ferramentas tecnológicas que auxiliam na obtenção de informações de inteligência mais qualificadas. Almeida destacou também que além do papel da inteligência também houve um reforço na contratação de pessoal.
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“Precisamos reconhecer o esforço e a dedicação dos nossos policiais, que têm desempenhado um trabalho exemplar no combate ao crime. Sem esse empenho, não teríamos alcançado os resultados que temos hoje.”
O diretor do Departamento de Investigação sobre Narcóticos (Denarc), delegado Rodrigo Torres, destacou que, este ano, as diversas operações realizadas em conjunto com o Departamento de Repressão ao Crime Organizado (DRCO) culminaram no prejuízo ao tráfico.
“Por meio dessas ações integradas nas calhas dos principais rios de fronteira, como os rios Solimões e Negro, obtivemos grandes apreensões de drogas ao longo do ano e efetuamos diversas prisões, causando significativo prejuízo ao tráfico de drogas na região”, afirmou Torres.
Operações contra o tráfico de drogas em alta
O diretor do Denarc destacou duas ações importantes que contribuíram para o expressivo volume de apreensões neste ano.
“Entre as principais ações, destacamos a desarticulação de um grupo criminoso que atuava no tráfico de drogas no Amazonas e na lavagem de dinheiro. A investigação, que durou quase um ano, foi concluída no final de outubro e resultou na apreensão de bens de alto valor, veículos, armas e valores em dinheiro. Na operação, também foram presos advogados e outros envolvidos no esquema. Ao todo, foram confiscados 129 kg de drogas no momento da deflagração”, explicou.
Além disso, a operação apreendeu cerca de R$500 mil em espécie e cumpriu 10 mandados de busca e apreensão nas residências dos envolvidos, causando um prejuízo estimado em R$4,5 milhões ao crime organizado.
“Outra operação de grande sucesso ocorreu em fevereiro, quando localizamos, em um galpão nas proximidades do bairro Parque das Laranjeiras, uma tonelada e meia de drogas, além de quatro fuzis. A partir dessa apreensão, identificamos os integrantes do grupo criminoso e representamos pela prisão dos traficantes”, relatou o delegado.
Como agem os criminosos?
O secretário Segurança destacou, ainda, o volume alto de apreensões relacionadas ao tráfico de drogas. Só neste ano, quatro helicópteros usados por organizações criminosas foram pegos.
“Para exemplificar, este ano já apreendemos quatro helicópteros que estavam sendo utilizados pelo narcotráfico. De acordo com as informações que temos, trata-se de uma facção criminosa de São Paulo que utiliza esses meios aéreos para retirar drogas do Peru. Também é importante destacar que, segundo nosso monitoramento, essas drogas não estão sendo direcionadas a Manaus. A cidade tem sido apenas uma rota de passagem, com as aeronaves seguindo diretamente para outros destinos. Esse é um ponto de atenção que requer vigilância constante.”
Cada facção tem modo de atuação diferenciado, o que exige um trabalho redobrado das polícias. “O Comando Vermelho continua utilizando os rios como principal rota de transporte, enquanto o PCC tem adotado meios aéreos, como hidroaviões e helicópteros. Essa mudança na dinâmica do crime demonstra que as organizações estão se adaptando às circunstâncias da região.”
No Amazonas, a principal rota utilizada pelo tráfico de drogas continua sendo a fluvial. Segundo o delegado Rodrigo Torres, as áreas de maior interesse são, especialmente, as de fronteira. “A tríplice divisa entre Brasil, Colômbia e Peru, abrangendo municípios como Tabatinga e Benjamin Constant, além de outras regiões, como a área de fronteira que envolve o Rio Japurá e São Gabriel da Cachoeira, de onde o tráfico segue pelo Rio Negro.”
Com a seca, no entanto, as organizações criminosas têm ampliado suas operações e adotado rotas aéreas, utilizando helicópteros e aviões que pousam em pistas clandestinas.
“Muitas vezes, essas drogas entram pela fronteira utilizando Roraima como ponto de passagem para, posteriormente, chegarem ao Amazonas ou diretamente a regiões próximas de Manaus. Essa estratégia dificulta bastante o trabalho da polícia, já que helicópteros podem pousar em qualquer ponto da floresta onde uma clareira seja aberta. Os criminosos mudam constantemente os locais de pouso, usando uma pista em um momento e outra posteriormente, o que torna a atuação policial ainda mais desafiadora”, explicou Torres.
Ele acrescentou que as forças de segurança, incluindo a Polícia Federal, atuam de forma contínua para localizar e destruir essas pistas clandestinas, buscando dificultar o acesso de aeronaves e combater as atividades ilícitas.
“Contamos também com a colaboração da população por meio de denúncias, que são investigadas com seriedade. Nosso objetivo é sempre garantir o bem-estar e a segurança da população do Amazonas”, concluiu o delegado.