O Rio Negro já registra a pior seca da história em Manaus. A cotação de 12,68 metros foi alcançada na tarde desta quinta-feira (03/10) no Porto da capital, que faz o monitoramento desde 1902. A descida das águas ainda não parou e se espera que a seca se prolonge e o rio baixe para menos de 12 metros até o fim de mês, de acordo com o Serviço Geológico do Brasil (SGB).
“As descidas estão muito acentuadas em Manaus e, se continuar com essa média de descida de 19 cm por dia, em uma semana poderemos ultrapassar a marca histórica – que é de 12,7 m registrada em 2013 – e, em meados de outubro, o Rio Negro pode ficar abaixo dos 11 m”, alertou o pesquisador em geociências Artur Matos, coordenador nacional dos Sistemas de Alerta Hidrológico.
Na maior parte da Bacia do Amazonas, os rios estão abaixo da faixa da normalidade para o período e, em algumas delas, as cotas já chegaram aos níveis mais baixos da história. É o caso do Solimões, onde a mínima histórica chegou a 7,38 em Fonte Boa e de 4 m no Rio Purus, em Beruri.
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Os 62 municípios do Amazonas enfrentam uma situação de emergência devido à seca. De acordo com a Defesa Civil, todas as calhas de rios do estado estão em estado crítico de vazante. Quase 750 mil dos mais de 4 milhões de pessoas estão sendo afetadas.
Em Manacapuru, o Rio Solimões pode também registrar a mínima histórica nos próximos dias, conforme o Serviço Geológico. A cota atual é de 3,47 m – a 2ª menor da história, atrás da marca de 3,11 m em 2023.
“As chuvas abaixo da média em setembro devem se refletir nos níveis dos rios em outubro e vamos continuar a verificar cotas mais baixas ao longo do próximo mês”, acrescentou Matos.
Desde o ano passado, especialistas vinham alertando sobre os riscos de que a seca no Amazonas fosse ainda mais intensa em 2024 do que o que foi observado em 2023, a até então maior vazante em século. O cenário se confirmou. O Rio Negro, por exemplo, superou a seca do ano passado com 23 dias de antecedência.
Em comparação, no dia 3 de outubro de 2023, o Rio Negro mediu 15,14 metros, o que representa uma diferença de 2,45 metros a mais do que o nível registrado neste ano, conforme dados do Porto de Manaus.