Após pedido do Ministério Público Federal (MPF), a Justiça Federal autorizou o cumprimento de seis mandados de busca e apreensão, além de prisão preventiva, contra duas pessoas suspeitas de desmatamento e queimada em 953 hectares de floresta nativa em Boca do Acre. A operação teve como alvo o proprietário de uma fazenda, suspeito de liderar as atividades.
Na ocasião, foram apreendidas 1.100 cabeças de gado, um veículo automotor, duas armas de fogo, entre outros itens relevantes para a investigação. As buscas foram feitas pela Polícia Federal do Acre, com o apoio de equipes da Força Nacional e da Polícia Civil de Boca do Acre.
O desmatamento ilegal identificado ocorreu em uma fazenda pertencente ao acusado. Segundo as investigações, entre 2021 e 2024, ele estaria envolvido em uma série de crimes ambientais, incluindo a manutenção de atividades agropecuárias irregulares, como a criação de gado em áreas embargadas e o uso de fogo para a limpeza de pastagens. Neste ano, segundo relatório da PF, as práticas de incêndio ocorreram nos meses de agosto e setembro.
O cumprimento dos mandados ocorreu no curso da Operação Smoke, deflagrada após a reunião de evidências contundentes sobre os crimes. Imagens de satélite mostraram que as áreas afetadas vinham sofrendo degradação progressiva nos últimos quatro anos. Além disso, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) autuou a fazenda e emitiu um termo de embargo para dar fim às atividades ilegais. No entanto, a medida foi ignorada pelo proprietário, que continuou a desmatar e a promover queimadas.
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As buscas e apreensões realizadas durante a operação focaram na coleta de documentos que possam identificar possíveis cúmplices e financiadores das atividades ilícitas. As autoridades acreditam que o prejuízo econômico das ações criminosas, estimado em mais de R$ 76 milhões, sugere o envolvimento de outros atores com maior poder econômico.
“Considerando o elevado quantitativo de desmatamento identificado e o baixo poder econômico do principal investigado, esta unidade acredita que há outros atores envolvidos nos atos, em especial no financiamento das atividades”, afirma a representação feita à Justiça Federal.
Além da busca de provas e da prisão do acusado, a operação visa ao sequestro de bens, tanto móveis quanto imóveis, no valor correspondente ao prejuízo causado.
Além de ser proprietário da fazenda, um dos presos é dono de um açougue na região. Há indícios de que a criação de gado em áreas protegidas esteja diretamente ligada ao seu negócio, o que configura uma cadeia de crimes ambientais e econômicos. Segundo a Polícia Federal, o açougue comercializava carne bovina proveniente de gado criado ilegalmente na área embargada, o que amplia o escopo das investigações.