Pela primeira vez na história do sistema prisional do Amazonas, o Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat) alcançou a marca histórica de 100% da sua população carcerária inserida em programas de ressocialização. Uma cerimônia de comemoração foi realizada na manhã desta quinta-feira (06/01), na sede da unidade localizada no quilômetro 8 da BR-174 (Manaus-Boa Vista). Os projetos para remir pena foram implantados pela Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap).
Os 708 apenados do Ipat estão inseridos nos programas de ressocialização: Conhecimento que Liberta, Trabalhando a Liberdade e Terapêutico Carcerário.
O Ipat é a primeira unidade prisional masculina do estado a alcançar tal marca. A conquista foi possível em virtude do trabalho da Seap em criar projetos e desenvolver cursos, em parceria com a empresa terceirizada RH Multi, que atraíssem a atenção e a vontade dos reeducandos em mudar de vida.
Segundo o secretário da Seap, coronel Paulo César Gomes, foi uma determinação do governador Wilson Lima para coordenar as unidades prisionais com o rigor da lei, mas também com o trabalho de ressocializar o apenado.
“Ressocialização nada mais é que aplicarmos uma forma, algum programa de capacitação, treinamento, de leitura, que fizesse com que o preso se tornasse digno de retornar a sua atividade junto à sociedade. Hoje no sistema prisional, no Ipat nós conseguimos atingir 100% de todas as pessoas privadas de liberdade, inseridas nos programas de ressocialização”, afirmou Paulo César.
Ainda de acordo com o secretário, além de cursarem ensino médio ou superior na unidade, os apenados também estudam cursos técnicos e conseguem trabalhar, alguns de forma remunerada, gerando assim profissionais que vão ganhar a liberdade, com uma profissão.
“No passado não acreditavam no sistema prisional, na dinâmica de trabalho e na possibilidade de retornarem à sociedade como pessoas capacitadas. Hoje, ele consegue emprego do lado de fora com a cabeça erguida, pois hoje ele pode dizer: – Eu sou um profissional do trabalho”, garantiu Paulo César.
Conforme o diretor do Ipat, tenente Tales Renan, a visão e o conceito de segurança, que antes existia, de que o preso precisava ficar trancado na cela mudou e, hoje, na nova administração da Seap, a meta é manter o apenado trabalhando, estudando e sonhando em mudar de vida.
“Antigamente a segurança da cadeia era o preso dentro da cela, hoje não mais. Hoje, ele mantém a mente ocupada e aqui no Ipat a gente oferece desde o ensino básico, o ensino regular, educação a distância, temos cursos profissionalizantes, temos fábrica de sabão, fábrica de artesanato, fábrica de chinelo e todos esses materiais são utilizados pelo sistema penitenciário”, contou.
Além dos cursos profissionalizantes, o Ipat dispõe também de aulas de música e instrumento aos apenados.
Sonhos para o futuro
Com o conhecimento adquirido na unidade prisional, o reeducando João (nome fictício), sonha em montar sua própria fábrica de produção de material de limpeza, assim que conseguir a liberdade.
“Quando você sai daqui você sai com uma profissão definida. Quando eu sair daqui eu vou montar uma fábrica, já está tudo certo, já estou fazendo um curso de faculdade chamado administração de empresa, então ao sair desse projeto eu vou sair e montar a minha empresa ”, garantiu.
Para o interno Paulo (nome fictício), que é dono da melhor nota do sistema prisional nas provas do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem), os projetos oferecidos no Ipat mudaram a vida dele.
“Participo não só de um projeto, mas de vários projetos que a unidade tem disponibilizado para os internos. Participo do projeto de remição pela leitura. Projeto de participação no Enem. Inclusive, em 2020, eu consegui a melhor nota aqui da unidade e, por isso, consegui alcançar uma vaga no EAD e estou no segundo período de serviços jurídicos. Para mim, tem sido algo extraordinário. É uma oportunidade”, afirmou.