Seja pela rotina agitada ou por condições de saúde, atualmente, 7 em cada 10 brasileiros têm algum distúrbio do sono, como insônia e apneia. O estudo é da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e revela a importância do tema, especialmente em um momento no qual tem se popularizado o uso de remédio para dormir, em muitos casos, sem orientação profissional.
Esse uso indiscriminado de fármacos tem preocupado especialistas, em especial pelo fato de ter uma série de riscos associados. Dentre eles, é possível citar a dependência química, prejuízos nas funções cognitivas e até riscos à saúde mental.
“A automedicação muitas vezes tem sido vista como uma solução, um alívio imediato para distúrbios do sono, mas devemos ter a consciência de que isso pode gerar alguns riscos para o nosso organismo. Dentre eles, estão também surtos, alucinações e até mesmo ganho de peso”, afirma a supervisora de serviços farmacêuticos da rede Santo Remédio, Bruna Barros.
Segundo pesquisa do Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico (ICTQ), 89% dos brasileiros se automedicam, número considerado negativo e que cresceu 13 pontos percentuais desde 2014, quando começou o levantamento.
Um remédio para dormir que mais tem sido popularizado na internet é o Zolpidem. Uma busca rápida pela hashtag #Zolpidem no Tik Tok, rede social popular entre jovens, retorna com vídeos que somam mais de 213 milhões de visualizações.
“O zolpidem é um medicamento indicado para quem tem dificuldade de permanecer dormindo, para quem acorda muitas vezes durante a noite. Porém, como qualquer medicamento, ele também possui algumas reações, por isso, o ideal é procurar entender como funciona, por quanto tempo o seu médico prescreveu para você e sempre relatar o que está sentindo desde o início do tratamento”, orienta a farmacêutica.
Perigos de tomar remédio para dormir
O problema do uso indiscriminado de fármacos se agrava ainda mais quando pessoas utilizam medicamentos que não são indicados para tratar distúrbios do sono, mas tem como efeitos colaterais a sonolência, a exemplo de antialérgicos e relaxantes musculares.
“Optar por tomar medicamentos que possam fazer a pessoa sentir sono sem a orientação do profissional habilitado não é uma escolha segura, pois pode provocar diversas reações indesejadas. Dependendo do medicamento que está sendo utilizado, a pessoa pode desencadear até uma parada cardíaca ou ter seu sono totalmente desregulado, piorando o quadro”, alerta Bruna Barros.
Segundo o Ministério da Saúde (MS), os distúrbios do sono são caracterizados por dificuldade para dormir sem interrupções, acompanhada de fadiga, problemas de concentração e alterações no humor. Nesses casos, a principal orientação é procurar um médico que possa investigar as causas e indicar o tratamento adequado.
“A melhor escolha será sempre procurar um profissional habilitado para orientar e acompanhar a pessoa que não consegue dormir. Sabemos que o sono é totalmente essencial para o bem-estar do ser humano e é importante que um descanso de qualidade esteja presente. Importante lembrar que esse paciente pode contar com um farmacêutico para orientar sobre o uso dos medicamentos, desde opções mais acessíveis até sobre horários e dosagem”, afirma ela.