Suspeito do assassinato da ex-namorada grávida de sete meses, Victor de Souza Rocha, de 21 anos, foi preso pela Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS) na manhã desta terça-feira (21/11). A principal linha de investigação aponta que o feminicídio pode ter sido motivado por racismo, pois o jovem declarava que não queria ter filhos negros.
O corpo da jovem Karine Sevalho Lima, que tinha 19 anos, foi encontrado no dia 26 de maio do ano passado em um terreno baldio no Lago Azul, na zona norte de Manaus.
“O inquérito ainda não está fechado. Temos essa nova informação. Pessoas próximas da Karine, que faziam parte da sua convivência, informaram que o Victor declarava para todo mundo que jamais teria um filho com características negras”, disse o delegado Ricardo Cunha, responsável pela DEHS.
As investigações que levaram à prisão de Victor foram conduzidas pelo Núcleo de Feminicídio da Polícia Civil. Logo após o corpo da jovem ter sido encontrado, ano passado, Victor já figurava como suspeito do crime. Ele e Karine tiveram um breve relacionamento, a jovem engravidou e estava sendo pressionada a abortar.
De acordo com a Delegacia de Homicídios, o assassinato da grávida ocorreu no dia do último encontro entre Victor e Karine, quando a jovem avisou ao rapaz que teria conversado com a família sobre a gestação e recebido apoio para mantê-la.
A Polícia Civil não informou o dia do provável encontro entre os jovens. Também não foi confirmado o local do encontro entre os dois. A suspeita é de que o crime ocorreu em um apartamento. O corpo foi desovado na região de floresta atrás do Residencial Viver Melhor.
“Ela foi encontrada com a face toda desfigurada, vítima de agressões e torturas, e várias perfurações de arma branca no seu corpo. Estava grávida de sete meses e esse crime brutal, que chocou a sociedade, desde o início das investigações, ele era apontado como suspeito”, afirmou o delegado.
O caso de Karine lembra o de Débora Alves. A jovem foi brutalmente assassinada por Gil Romero quando estava grávida de oito meses.
Victor estava foragido desde a data do crime e não colaborou com as investigações. Conforme a Polícia, ele permaneceu em silêncio durante o depoimento.
“Ele passou sete meses de gravidez pedindo que a vítima fizesse aborto. No dia do último encontro, ela foi para informar que todos da família estavam cientes da gravidez e que ela não iria realizar o aborto e que iria criar a criança. As investigações apontam que houve ali um desentendimento, e que Victor ficou revoltado com essa notícia e assassinou a jovem”, explica o delegado.
Victor foi preso na casa de familiares, mas o local da prisão não foi informado pela Polícia Civil. “Ele está acompanhado de advogados e permaneceu em silêncio e não colaborou com as investigações.”