O técnico de vôlei Walhederson Brandão Barbosa, de 40 anos, foi preso após denúncias de exploração sexual e favorecimento à prostituição dos próprios alunos. Quando os policiais chegaram na casa dele, na manhã desta terça-feira (14/11), encontraram o técnico da seleção amazonense de vôlei dormindo na mesma cama com dois adolescentes de 15 anos.Ele foi preso durante operação da
Delegacia Especializada de Proteção à Criança e Adolescente (Depca) no bairro Vila da Prata, na zona oeste de Manaus. Até o momento, 12 vítimas do técnico de vôlei já foram identificadas pela polícia.
Conforme a delegada Joyce Coelho, as investigações iniciaram após recebimento de denúncia anônima informando sobre um vídeo que teria sido compartilhado em um aplicativo de mensagens, entre os alunos de um colégio de rede pública, no qual o técnico de vôlei aparece tendo relações sexuais com dois adolescentes.
“De imediato, trabalhamos para identificar quem seriam as vítimas e a primeira a ser identificada foi um adolescente de 16 anos, que nos relatou toda a história. Posteriormente, identificamos quem seria o agressor e constatamos que se tratava de um técnico da seleção amazonense de vôlei sub-16, com acesso a diversos alunos de escolas públicas e particulares”, disse Joyce.
De acordo com a delegada, o técnico de vôlei preso aliciava os adolescentes que tinham sonho em ser jogadores profissionais de vôlei, com a promessa de ascensão no esporte, o que causava um interesse muito grande por parte dos adolescentes e culminava com a exploração sexual.
“A partir da primeira denúncia, foi possível identificar seis vítimas e instaurar seis Inquéritos Policiais (IPs), sendo que cinco ainda estão em andamento. Quando passamos a proceder com as oitivas das vítimas, o homem passou a exercer pressão contra as vítimas para saber o que elas estavam falando na delegacia, ou seja, ele sabia da investigação em andamento”, contou.
Com base em todos os indícios, foi representada pela prisão temporária do homem, bem como pela medida cautelar de busca e apreensão em sua residência, uma vez que o indivíduo também gravava os atos sexuais como uma espécie de fetiche.
“Durante as investigações, descobrimos que ele pratica os mesmos crimes há quase 20 anos, por isso a operação foi batizada com este nome, pois ‘bloqueio’ é um termo utilizado no vôlei para interceptar o ataque do time adversário. Então, dada a gravidade deste homem para com os alunos, precisávamos frear as suas atitudes”, falou.
O indivíduo responderá por favorecimento à prostituição, exploração sexual e armazenamento de imagens contendo cena de sexo e ficará à disposição da Justiça.
Técnico de vôlei preso em Manaus buscava vítimas no interior
Joyce contou que a busca e apreensão solicitada à Justiça, teve como base a informação de que o homem cooptava adolescentes do interior, com a mesma promessa, e os trazia para residir consigo.
Durante diligência na residência do suspeito, foram encontradas seis vítimas e todas confessaram estar residindo no local, pois o homem alegava que desta forma a logística dos treinos seria mais acessível.
“Uma das vítimas é natural de Nova Olinda do Norte (a 135 quilômetros de Manaus) e iremos averiguar se a finalidade desta mudança seria a exploração sexual. Caso seja confirmada, ele será indiciado por tráfico humano. Além do cumprimento da prisão temporária, o indivíduo também foi autuado em flagrante pois estava dormindo na mesma cama com dois adolescentes, de 15 anos”, contou.
Ainda conforme a autoridade policial, também será checada uma possível negligência por parte dos responsáveis, tendo em vista que um dos adolescentes mora com o indivíduo desde os 11 anos. No entanto, também foi percebido que não há conivência por parte da maioria dos pais, pelo contrário, há um excesso de confiança nas promessas ilusórias.
Joyce declarou, ainda, que existe uma possível omissão por parte da Federação Amazonense de Voleibol, já que várias vítimas denunciaram formalmente e a Federação apenas instaurou sindicâncias internas, sem afastar o infrator do cargo, deixando-o ter acesso aos alunos.
“Iremos oficiar a Federação para que eles nos esclareçam a situação e nos respondam o porquê de não denunciarem os fatos à Polícia Judiciária, bem como nos encaminhem as sindicâncias”, pontuou.
Denúncias
A delegada enfatizou que é necessário que outras vítimas compareçam à Depca para denunciar, pois homens, com mais de 20 anos, comunicaram às autoridades policiais que teriam sido abusados pelo criminoso durante a infância e adolescência.
“O crime ainda não prescreveu, então as vítimas podem ir à unidade especializada e relatar todos os ocorridos. Agora chegou o momento de ele responder à criminalidade por todos os danos causados à integridade e segurança dos adolescentes”, salientou.