A preocupação com a construção de um aterro sanitário pela empresa Marquise, que resultaria na mudança do “lixão” para uma área de preservação no Tarumã e as consequências para o meio ambiente, voltou a ser debatida na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), durante a sessão plenária compensatória desta segunda-feira (28).
Considerado clandestino, o local deve abrigar o novo lixão de Manaus, uma vez que a Justiça do Amazonas deu um prazo de 45 dias para a prefeitura de Manaus promover a mudança de endereço do atual aterro sanitário, localizado na AM 010. A gestão de David Almeida, até o momento, não se manifestou sobre a medida e mantém segredo sobre o que fará sobre o tema.
Assim que o fim do atual aterro foi noticiado, veio à tona a construção do espaço irregular no Tarumã, com alto potencial de poluição ambiental.
O deputado João Luiz (Republicanos) enfatizou que a população não foi consultada sobre o assunto. O parlamentar disse que mudança do lixão traz a preocupação com os moradores, pois o rio está seco e aparecem vários objetos de descartes. Ainda segundo ele, os moradores do entorno têm se posicionado contra e mostrado preocupação com a construção irregular.
“O que nos assusta é como o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) liberou a licença provisória para iniciar a mudança. Precisamos preservar os nossos rios, as nossas matas e a nossa flora”.
Afirmou.
O deputado Wilker Barreto (Cidadania) alertou para a necessidade da Assembleia intervir na questão sanitária e lembrou que há dois anos havia alertado sobre o perigo da instalação do aterro pela empresa Marquise.
“Em agosto de 2021 moradores denunciavam várias agressões ao meio ambiente naquela área pela empresa Marquise. Já manifesto o meu voto favorável pela revogação do licenciamento que deve ser imediata. Peço que a Comissão de Meio Ambiente da Assembleia e o próprio Ipaam verifiquem o que já foi feito, em relação aos danos ambientais por conta desta construção e precisamos pedir a reparação dos danos já cometidos. Estou severamente preocupado com o mundo que as gerações futuras terão. O Amazonas precisa dar o exemplo, a pauta da Assembleia deve fiscalizar e legislar pela pauta verde”.
Apontou.
Em seu discurso, o deputado Rozenha (PMB) reforçou que a Casa Legislativa deve se posicionar pela revogação dessa licença. “O aterro foi construído de forma obscura, silenciosa e discreta com o intuito de não deixar a sociedade a par da gravidade da destinação do lixo. A posição que a Aleam tomar refletirá no futuro. É intolerável um lixão poluindo a bacia do Tarumã e tenho certeza de que esta Casa não vai tolerar tal absurdo”, enfatizou.
Durante seu pronunciamento, a deputada Alessandra Campêlo (Podemos) falou do orgulho da proporção que o caso tomou, mobilizando a Assembleia, a Câmara Municipal de Manaus e a população como um todo. A parlamentar lembrou que tomou banho na Ponte da Bolívia e no Tarumãzinho, que hoje são esgotos a céu aberto e que não permitirá que futuras gerações não possam tomar banho no Tarumã.
“Licenciar esse lixão vai contra tudo que se tem feito pelo ambiente, inclusive é hipocrisia mandar retirar flutuantes com o discurso de não poluir e permitir uma lixeira dessas. A Prefeitura de Manaus tem de procurar outra solução, até porque esta seria uma lixeira particular, ou seja, teríamos de pagar para poluir o nosso Rio Tarumã”.
Destacou.