Após duas décadas em obras, o Linhão de Tucuruí foi inaugurado pelo governo federal, nesta sexta-feira (04/08), conectando as cidades de Parintins e Itacoatiara, no Amazonas, e Juruti, no Pará, ao Sistema Interligado Nacional (SIN) de energia elétrica.
Durante a inauguração em Parintins, Lula comparou a cidade dos bumbás Garantido e Caprichoso à capital francesa, Paris, em uma referência às brincadeiras populares na região que denominam a ilha tupinambarana como ‘paris’.
“No Amazonas vamos colocar luz na casa de 150 mil pessoas com o novo Luz Para Todos, pois luz é dignidade. Muita gente vai a Paris porque lá é a Cidade Luz. Eu digo para vocês que a cidade luz agora é Parintins, não Paris”, disse o presidente.
De acordo com o governo federal, atualmente, a região amazônica conta com 211 sistemas isolados, que precisam gerar a própria energia a partir de combustíveis fósseis. Estima-se que aproximadamente 3 milhões de pessoas vivam nessas localidades e que, ao substituir a matriz térmica por opções mais sustentáveis 1,5 milhão de toneladas de carbono deixarão de ser lançadas na atmosfera. Estão previstos cerca de R$ 5 bilhões em investimentos.
Em discurso, o governador Wilson Lima lembrou que desde sua juventude sabe que um dos sonhos do povo parintinense era ver o desligamento da “velha e barulhenta” termelétrica. Agora, segundo ele, o novo sistema representa o fim da queima de combustíveis fósseis e dos apagões, além de uma série de problemas enfrentados por comerciantes e moradores, possibilitando atrair mais investimentos.
“Hoje é um dia histórico para Parintins porque hoje mais de 100 mil pessoas, após décadas de espera, finalmente vão ter acesso ao sistema de energia elétrica de qualidade”, afirmou o governador, que também pediu ao presidente um olhar sobre pautas que vão trazer avanços para o desenvolvimento econômico e sustentável do estado, como a BR-319 e novas matrizes econômicas.
Antes da interligação de Parintins ao Linhão de Tucuruí, a cidade dependia de uma usina termelétrica movida a diesel, que consumia cerca de 45 milhões de litros desse combustível anualmente. Além dos impactos ambientais, a geração de energia por meio dessa matriz causava poluição sonora e lançava fuligem no ar.
Para tornar o projeto realidade, foi preciso vencer desafios. Para atravessar os trechos de rio, o projeto contou com a construção de torres com mais de 250 metros de altura, incluindo a implantação em trechos alagados, o que exigiu fundações especiais e planejamento dos períodos de cheia e vazante do rio.
Os estudos para a interligação começaram em 2006, ainda no governo do presidente Lula e, após atrasos, sua efetiva interligação foi licitada no Leilão de Transmissão em 2018 com investimento de R$1,76 bilhão. As linhas têm um total de 480 km de extensão – sendo 3,8 km de travessia do Rio Amazonas e 4,5 km de travessia de canais em Parintins – partindo de Oriximiná (PA), que também interliga o município de Juruti (PA).
Linhão de Tucuruí em Itacoatiara
A 700 quilômetros de Parintins, Rio Amazonas acima (197 km em linha reta), o município de Itacoatiara também passou a ser atendido pela linha que liga todo o estado do Amazonas ao SNI.
As duas cidades têm uma população aproximada em 100 mil habitantes e consomem aproximadamente 45 milhões de litros de diesel por ano. Em Itacoatiara, a rede soma 2.672 km e atende 20 mil residências.
Para a ligação, foram instaladas 349 torres, ao longo de 113 km de cabos.