Em um exemplo de sororidade e luta contra desigualdades, quilombolas e indígenas se unem para realizar em Manaus o 5º Encontro das Mulheres Negras, Afro-Ameríndias, Latino-Americanas e Caribenhas. O evento é alusivo ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha (celebrado anualmente em 25 de julho, mesma data do Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra).
A programação do Encontro é gratuita e inicia às 15h do domingo (30), no Quilombo do Barranco de São Benedito, localizado na Praça 14, em Manaus. Entre as atividades estão: roda de conversa e shows de samba, carimbó, coco de roda e gambá amazônico.
O Quilombo do Barranco de São Benedito é o primeiro quilombo urbano da Amazônia e fica no bairro considerado berço da cultura negra no Amazonas.
Segundo a organização, o 5º Encontro inicia com uma roda de conversa que terá o tema “Memórias de Plantação: A luta das mulheres afro-ameríndias amazônicas contra o racismo e desigualdades do cotidiano”. As participantes confirmadas são: Rafaela Fonseca, Jamily Souza, Keilah Fonseca, Valéria Baniwa, Izabel Munduruku e Cacica Lutana, além de servidoras da Defensoria Pública do Amazonas.
SORORIDADE E TROCAS
Para a quilombola, pedagoga e pesquisadora Rafaela Fonseca, trata-se de uma oportunidade de trocar experiências e apoiar a luta contra racismo e desigualdades. “É uma sororidade, da escuta e da partilha”, define.
Já para a Jamily Souza, vice-presidente da Associação Crioulas do Barranco de São Benedito, o encontro realizado há 5 anos é uma oportunidade positiva para as novas gerações de mulheres de dentro e fora do Quilombo.
“Sempre o que gosto muito é a troca de experiências. Agora a gente vai ter a oportunidade de ter uma troca bem mais ampla. Vamos ter a oportunidade de conversar com as nossas parentes indígenas. Esse ano, durante a festa de São Benedito, criamos esse laço muito forte com pessoal do Parque das Tribos [localizado no Tarumã, em Manaus]. Lá a gente já viu o desejo de fazer essa troca. Pra mim isso é algo que sempre temos nessas rodas. A gente leva para o resto das nossas vidas”
Jamily Souza, vice-presidente da Associação Crioulas do Barranco de São Benedito
PROGRAMAÇÃO
O evento também pode ser definido como uma grande celebração, presente no ato de conversar, ouvir e relatar vivências, compartilhar alimentos, cantar e dançar.
Segundo a organização, o convite para participar é aberto para integrantes do Quilombo e para interessadas da população em geral.
O 5º Encontro das Mulheres Negras, Afro-Ameríndias, Latino-Americanas e Caribenhas é uma realização das Crioulas do Quilombo, Pagode do Quilombo e Caldo Negro Produções.
A programação, que começa com a roda de conversa a partir das 15h, também terá merenda compartilhada e apresentações musicais.
SHOWS
O primeiro show do dia será de Samba Raiz, com músicos integrantes do Quilombo (Eder, Patecão, Rômulo e Dubarranco), 17h.
Já a partir das 18h os grupos Cocada Baré e Maroaga apresentam o espetáculo musical “Carimbolando: Despertando o Sonho Cabano”. O show terá um repertório cheio de percussão e alegria com carimbó, coco de roda e gambá amazônico.
Segundo a idealizadora do espetáculo, a produtora cultural e cantora Andarilha, “Carimbolando: despertando o sonho cabano” nasceu com propósito de ressaltar a diversidade cultural amazônica e também rememora a história ao destacar a revolta popular da Cabanagem ocorrida no Pará de 1835 a 1840.
O show contará com um repertório de canções autorais, regionais e afro-brasileiras tendo como referência os expoentes da cultura popular, incluindo Pinduca, Dona Onete, mestre Verequete, Jackson do Pandeiro, Selma do Coco, Aurinha do Coco e mãe Beth de Oxum.
PREMIAÇÃO
“Carimbolando” foi contemplado pelo Prêmio Thiago de Mello e tem realização assinada pela Caldo Negro Produções, com apoio da Guerreiro Tapajós – Comunicação, Cultura e Eventos, Manauscult, Prefeitura de Manaus, Secretaria de Economia Criativa (SEC) e Governo do Estado do Amazonas.
DATA INTERNACIONAL
Comemorado no dia 25 de julho, o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha nasceu em 1992, ano do 1º encontro de Mulheres Negras Latino-Americanas e Caribenhas, realizado em Santo Domingos, na República Dominicana, que além de propor a união entre essas mulheres, visava também denunciar o racismo e machismo enfrentados por mulheres negras, não só nas Américas, mas também em todo o mundo. Desse encontro nasceu a Rede de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-Caribenhas.
DATA NACIONAL
A data de 25 de julho também foi instituída como Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra por meio de lei no ano de 2014. Tereza de Benguela viveu no século XVIII e liderou o Quilombo de Quariterê.