Já pensou em transformar os resíduos orgânicos que você gera durante o dia (restos de comida, cascas de frutas, podas de árvores, entre outros) em um novo material de grande valor agregado? Uma alternativa é a produção de insumos orgânicos (adubos), para uso desde em hortas até na agricultura de extensão. Esse processo, que utiliza uma tecnologia ambiental chamada de compostagem, pode ser realizado em locais de pequeno porte, como escolas e casas.
O Manual de Compostagem, produzido pelo Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da USP, explica de maneira simples e didática o passo a passo de como construir uma composteira. A publicação teve apoio da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária (PRCEU) da USP e do Edital Santander/USP/FUSP de Fomento às Iniciativas de Cultura e Extensão. O download é gratuito e está disponível neste link.
O material foi produzido a partir do projeto Compostagem Com Ciência, iniciado em 2021 em escolas da cidade de São Carlos, como forma de contribuir com o desenvolvimento sustentável da região. Como a disposição não adequada de resíduos orgânicos gera graves problemas ao meio ambiente, com contaminação das águas e aumento do efeito estufa, a ideia de compostar resíduos orgânicos e transformá-los em nutrientes para plantas faz parte da educação ambiental e pode ser realizada sem grandes recursos. A ideia também está alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, especialmente, ao ODS 11, que diz respeito a tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis.
A ciência da composteira
Os autores explicam que a composteira pode ser montada de diferentes formas, como pilhas, leiras ou aterramento, utilizando materiais como caixas plásticas ou madeira. O tamanho e a forma da composteira dependem da quantidade de material a ser compostado e do espaço disponível. A localização da composteira é crucial, levando em consideração o fácil acesso, períodos de sol e sombra, incidência de vento e outros fatores que influenciam nas condições do processo de compostagem, como a presença de microrganismos, aeração, umidade e temperatura adequadas.
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O Manual também destaca que é importante manter a umidade adequada na composteira, entre 50% e 60%, para favorecer a decomposição dos materiais orgânicos. A exposição prolongada ao sol pode levar à perda de umidade, prejudicando os microrganismos envolvidos no processo. Por outro lado, composteiras em locais com excesso de sombra tendem a apresentar alta umidade, acima de 65%, reduzindo a decomposição e gerando odores indesejáveis. O monitoramento da umidade pode ser feito apertando uma porção do material em decomposição nas mãos e observando se há poucas gotas de água. Caso necessário, ajustes podem ser feitos adicionando água ou resíduos secos à composteira, além de revirar o material para melhorar a aeração.
O adubo orgânico produzido pela compostagem possui características nutricionais que variam de acordo com o material de origem e o processo de produção. Geralmente, é composto de ácidos graxos, compostos húmicos e fúlvicos, além de compostos orgânicos xenobióticos. Apresenta cor escura e contém macros e micronutrientes, fornecendo nutrientes essenciais para melhorar as propriedades físicas e biológicas do solo.
Escolha dos resíduos
Para garantir o sucesso da compostagem, os autores do Manual explicam que é importante que os materiais orgânicos utilizados sejam ricos em carbono e nitrogênio. Os substratos ricos em carbono incluem materiais lenhosos, como cascas de árvores, galhos e palhas, que devem estar secos e acastanhados. Já os materiais ricos em nitrogênio podem ser folhas verdes, esterco animal e restos de vegetais frescos e verdes, que tendem a ser mais ricos na substância devido a presença de clorofila.
Materiais como vidros, plásticos, tintas, óleos, metais e pedras não devem ser adicionados à compostagem, assim como gorduras em excesso e ossos inteiros. Além disso, é importante evitar resíduos de carne, pois podem atrair insetos indesejados. O tamanho das partículas também é fundamental, com o ideal sendo em torno de 3 cm, já que a decomposição começa na superfície onde há oxigênio, mas partículas muito pequenas aumentam o risco de compactação e falta de oxigênio.
Para baixar o Manual de Compostagem clique aqui.