Faixa etária com o maior nível de desemprego (36,9%) do país, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os jovens de 14 a 24 anos continuam a ter a qualificação profissional como um dos principais desafios para a entrada no mercado de trabalho. É o que mostra a pesquisa ‘O Futuro do Mundo do Trabalho para as Juventudes Brasileiras’, que ouviu 34 organizações e revelou que, para 67,65% delas, faltam cursos profissionalizantes e de formação técnicas para essa população.
David Dantas, 17, é uma exceção. Quando completou 14 anos, a idade mínima para buscar emprego, ele ficou sabendo pela mãe de uma vaga para jovem aprendiz no Grupo Tapajós – empresa do ramo farmacêutico na região Norte, sediada em Manaus. Quando foi aprovado, ele descobriu que não só teria um trabalho, como também cursaria a formação técnica em administração.
“Ser jovem aprendiz elevou meus pensamentos a uma estatura maior. Depois que me liguei ao mundo do aprendizado, minha forma de ver as coisas mudou muito. Isso me fez adquirir facilidade para resolver problemas também”, conta o jovem, que agora está com um segundo contrato na área de Recursos Humanos, correlata ao curso técnico em administração no qual está se formando.
A história de David é apenas uma entre outras que passaram pelo programa Jovem Aprendiz, criado pela Lei 10.097/2000. Além de conseguir um emprego formal, os participantes do programa saem com uma formação profissional técnica, garantindo maiores oportunidades no futuro. A pedido da Fundação Roberto Marinho, um estudo da consultoria H&P com 208 mil jovens egressos do programa revelou que a maioria (68%) conseguiu uma colocação no mercado formal de trabalho após a experiência no programa.
Há dois meses como Jovem Aprendiz, Daniel Silva Dutra, de 15 anos, já diz encontrar similaridades entre a experiência que tem tido e a profissão que deseja seguir: o design. Ele cursa a formação técnica em administração e trabalha no setor de marketing do Grupo Tapajós. “O trabalho me ensina muito. Já fiz vários cursos na área, mas, ultimamente, estou aprendendo muito mais na empresa. Isso pode até me ajudar depois, porque acredito que ainda vou ganhar mais experiência, tendo mais facilidade para ingressar em futuras empresas”, comenta.
Aprendizado
Daniel e David são apenas dois dos 795 jovens aprendizes que passaram pelo programa no Grupo Tapajós, desde 2005, quando o projeto teve início. Segundo a gerente de RH da companhia, Rosane Farias de Souza, todos os setores da empresa recebem os jovens aprendizes, contribuindo para a formação dos futuros profissionais.
“Aqui eles recebem apoio para se desenvolver nas áreas de sua competência, aprendendo além do básico, sendo incentivados e monitorados pelos seus gestores de área a buscar o crescimento”, comenta ela.
A gerente ressalta a importância social do programa, a considerar que boa parte dos jovens que participam são de famílias de baixa renda. “Além de ter seu próprio salário e poder contribuir para a renda da família, esse aprendiz tem a oportunidade de aprender e se destacar no mercado de trabalho, inclusive, com possibilidade de crescimento dentro da empresa”, afirma Rosane.
Crescimento
Ela cita o exemplo de dois colaboradores da empresa, o atual gerente de abastecimento e o supervisor de marketing e canais digitais, ambos egressos do programa Jovem Aprendiz. “Assim como eles, temos outros que foram contratados após o programa. Só nesse último encerramento de ciclo, três novos foram efetivados”, destaca a gerente.
No Grupo Tapajós, a chamada para jovens aprendizes acontece duas vezes ao ano. O público alvo é formado por jovens entre 14 e 17 anos. Em 2023, foram 35 contratações, todas de estudantes no ensino médio. Além da experiência de trabalho, os participantes recebem formações técnicas por meio de uma parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem com o Comércio (Senac).
“Entramos nesse papel como uma instituição formadora. O Grupo Tapajós é um parceiro de excelência. Recebeu, inclusive, o último Senac Premium 2022, cujo objetivo é reconhecer os grandes incentivadores da educação profissional que, por meio de parcerias com o Senac AM, fomentam o crescimento de seus colaboradores”, comenta a gestora de unidade do Senac, Daniele Mota Lima.