A crise climática é uma realidade e já aparece no vocabulário e no radar de preocupação de crianças, adolescentes e jovens. Nessa parcela da população, 8 a cada 10 jovens entre 18 e 24 anos ouvidos pela pesquisa JUMA (Juventudes, Meio Ambiente e Mudanças Climáticas) concordam que a situação atual é de crise quando o assunto é o clima. Apesar disso, 13% dos participantes do levantamento não souberam responder o que pensam a respeito.
Entre os mais preocupados com a questão estão os jovens moradores da Mata Atlântica. Aa percepção de que o planeta vive hoje uma crise climática é mais forte para mulheres, pessoas LGBTQIA+ e moradores de periferias e favelas.
A temática ambiental aparece entre os seis temas de maior preocupação dos jovens ouvidos pelo estudo. Em primeiro lugar está educação, seguido pelo combate à corrupção, segurança pública e violência e desenvolvimento econômico. Temáticas relacionadas ao mundo do trabalho e geração de renda também se destacam..
A maior parte dos respondentes apontou que este não é um assunto exclusivo de ativistas, indígenas ou pessoas ligadas à esquerda. Os jovens de territórios e comunidades tradicionais foram os que mais disseram acreditar que as pessoas de suas regiões também se importam com o tema.
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Moradores das regiões da Mata Atlântica criticaram a falta de preocupação da população brasileira e de políticos sobre o tema. Ao todo, 52% das pessoas entrevistadas acham que essa parcela da população se importa pouco ou quase nada com o assunto.
Apesar de reconhecer a importância do debate sobre a proteção do meio ambiente, há ainda certos limites de conhecimento sobre o tema. O relatório pontuou que 4 a cada 10 jovens não sabem dizer em qual bioma vivem. “O desconhecimento sobre os biomas pode vir do intenso processo de urbanização e do consequente distanciamento dos debates sobre questões ambientais”, afirma o texto do relatório.
Juventudes e meio ambiente, um raio-x da pesquisa
- A maioria dos jovens é negra na faixa dos 18 e 24 anos
- Para jovens que moram na Mata Atlântica, no Pampa e no Pantanal, o tema é ainda mais relevante
- Os jovens consideram o assunto um dos três mais importantes pessoalmente, sendo ainda maior entre mulheres (23%) e moradores de periferias e favelas (22%)
- 36% dos entrevistados não conhecem o bioma onde vivem
- Jovens de todos os seis biomas do Brasil responderam à pesquisa: 15% deles no Cerrado; 12% na Amazônia; 10% na caatinga; 3% no Pantanal; 20% na Mata Atlântica e 5% nos Pampas
O levantamento ainda relaciona a questão do meio ambiente e do clima com assuntos que são do cotidiano, como filosofias de vida e aspectos religiosos. “Tudo que eu reencontro e que diz respeito à minha ancestralidade, toda a minha energia espiritual, mental e física vem direto da planta, vem direto da Mata Atlântica. Esse contato com a água, com as cachoeiras, com as matas, as florestas, tudo é muito importante, porque assim eu sinto que estou voltando para a minha ancestralidade, estou voltando para a minha materialidade, pro meu eixo e pra minha casa”, afirma Izabella Alves, 19 anos, de Hortolândia (SP).
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Quais os conceitos mais conhecidos?
A pesquisa também apontou que os termos que circulam há mais tempo na mídia e na internet acabam sendo os de maior conhecimento do grupo. Aquecimento global (72%) e mudança climática (70%) lideram a lista de assuntos mais conhecidos dos jovens.
Outros termos mais técnicos, no entanto, que são mais interseccionais e específicos, ficam no radar de jovens que também estão inseridos nessas especificidades. Jovens LGBTQIAPN+ e moradores de comunidades tradicionais, por exemplo, são os que mais conhecem os conceitos de segurança climática, racismo ambiental e justiça climática.
“O que me move é a luta por um mundo onde todos possam acessar seus direitos e a natureza plenamente”.
Comenta Carolina Oliveira Dias, de 22 anos, moradora do Pampa Gaúcho.
Impactos sociais
A pesquisa também mostrou que os jovens reconhecem a diferença de impactos das mudanças climáticas nas diferentes classes sociais. Sete em cada dez concordam que pessoas pobres e ricas sofrem os efeitos das mudanças climáticas de maneiras diferentes; 27% dos respondentes alegaram que não concordam com essa visão, ante 66% que concordam e 7% que não souberam responder.
“No fim, espero que o Brasil cuide das suas verdadeiras riquezas e não negue ajuda mundial para viabilizar projetos que mobilizem as nações em virtude das mudanças climáticas que afetam milhares de famílias e comunidades todos os anos. Quem pode esperar mais do que isto?”
Comentou Helenilson Persi, de 30 anos, natural de Cuiabá (MT).
A pesquisa foi promovida pela Rede Conhecimento Social e pela Em Movimento, em parceria com Engajamundo, Instituto Ayíka e GT de juventudes Uma concertação pela Amazônia, e entrevistou mais de 5 mil jovens.
Do site Porvir
Por Ruam Oliveira.
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