O roubo e desvio de energia está se tornando um problema cada vez maior no Amazonas. Em 2022, foram emitidas mais de 40mil faturas de recuperação de energia elétrica, no valor aproximado de mais de R$214 milhões de reais.
Visando reduzir os custos com os famosos ‘gatos’, a Amazonas Energia começou a instalação, em Manaus, dos populares medidores aéreos. O modelo está em funcionamento em 12 mil residências da capital, nos bairros Parque Dez, Cidade Nova, Alvorada e na comunidade União. Mas a implantação dos medidores em Manaus está proibida por lei municipal, desde o mês de abril.
Segundo Gabrielle Stoco, gerente de departamento da Amazonas Energia, o furto de energia afeta a qualidade energética entregue naquele local, e contribui diretamente para aumento em oscilações e quedas de energia elétrica.
“Imagine que um transformador é como uma mangueira de água e os gatos representam vários furinhos nessa mangueira. Quanto mais furos, mais fraca chegará a água ao ponto final, que é o consumidor regular.”
Mesmo com estas desvantagens, grande parte da população mantém o furto de energia. Para a socióloga e antropóloga Iraildes Caldas, um dos principais motivos é o estado de exclusão social de parte da população amazonense.
“A energia elétrica é um serviço essencial para se viver na cidade, e, na medida em que esse serviço não é ofertado, os excluídos sociais são ‘obrigados’, ou compelidos, a forjar a provisão de energia elétrica, apelando para as ligações clandestinas conhecidas como ‘gatos’. É uma situação de risco para quem executa essas ligações elétricas burlescas, e arriscam a própria vida nessa situação.”
Segundo dados da Amazonas Energia, atualmente, 51,8% da energia distribuída é desviada em Manaus, principalmente nos bairros Torquato Tapajós, Japiim e Cidade Nova. As equipes da concessionária realizam serviços de monitoramento e fiscalização, e relembra os consumidores e demais usuários que devem sempre assegurar o livre acesso da distribuidora ao sistema de medição.
“Hoje, a concessionária trabalha executa monitoramentos dos clientes, observando apontamentos em variações de leitura, necessidade de troca de medidores com displays apagados, entre outros apontamentos e parâmetros que indicam a necessidade de uma inspeção naquela unidade consumidora. Assim, é destacada uma equipe para comparecer ao local e fazer a verificação do equipamento de medição”, explica Gabrielle Stoco.
Para o sociólogo Luiz Antônio, professor da UFAM, uma das soluções para o fim deste roubo de energia é a redistribuição para toda a população, especialmente a partícula social que não possui condições de pagar a taxa energética.
“Seria preciso oferecer para a população o volume de energia subsidiada, para quem não tem trabalho ou renda. bom se essas pessoas não têm trabalho e mesmo aquelas que tem trabalho não tem renda o bastante para sobreviver, resta a essas pessoas se apropriar da energia elétrica que foi privatizada. essas pessoas acabam sendo obrigadas a fazer ligações clandestinas, não porque elas sejam criminosas, não se trata de ser criminoso. O que se trata é que é preciso garantir um direito existencial para essas pessoas, o de ter acesso a água e energia”, finaliza.
LEIA MAIS:
Cheia dos rios altera sistema de distribuição de energia em municípios do AM