Ramily Nunes, de 18 anos, é finalista do Ensino Médio na Escola Estadual Tancredo Neves – unidade que teve as aulas presenciais suspensas devido ao desabamento das duas pontes na BR-319, entre os rios Curuçá e Autaz Mirim, no Careiro da Várzea (distante 25 quilômetros de Manaus), em 28 de setembro. Ela e mais de 300 estudantes estão recebendo conteúdos em casa, entregues pelos professores. “A gente está conseguindo estudar graças ao esforço dos professores”, diz.
Desde o desabamento das pontes, o acesso à escola ficou restrito e os alunos passaram a receber os conteúdos em blocos, com dúvidas sanadas por aplicativo de mensagens. A medida foi adotada pela Secretaria de Estado de Educação e Desporto para evitar defasagem no aprendizado dos estudantes.
Ramilly mora na comunidade São Lázaro, na zona rural de Careiro. Nesta semana, além dos materiais de estudo, ela recebeu um kit de merenda escolar, com 12 itens que integram a alimentação que ela receberia na escola. Tudo é organizado pela equipe pedagógica do município, com orientação da Secretaria de Educação.
“Depois do desabamento da ponte ficou mais difícil ir para a escola. A gente está conseguindo terminar nossos estudos, graças aos professores que se importam com a gente, que vem aqui nos ajudar e assim a gente consegue entregar nossas atividades. A gente consegue pedir ajuda pela internet, tirar as dúvidas, e isso está nos ajudando muito a não perder o ano”, pontua a estudante.
Percurso da Educação
Após o ocorrido com as pontes, a equipe pedagógica da EE Tancredo Neves se organizou para a distribuição das atividades e dos kits. Os educadores se dividiram em equipes para alcançar as comunidades mais distantes da escola. As equipes contaram com o apoio do Exército Brasileiro e dos transportadores da escola.
A gestora da EE Tancredo Neves, Iolanda Migueis, diz que as atividades são divididas de duas formas: para os estudantes que não têm sinal de internet é entregue a apostila das aulas remotas, os demais alunos que têm telefone e internet são acompanhados pelos grupos de WhatsApp.
Além de toda a logística, as equipes precisam enfrentar percursos distantes, algumas comunidades ficam a mais de quatro horas de distância. Enfrentando a seca do rio, por vezes tendo que descer no meio da viagem para empurrar as lanchas, os educadores têm alcançado cada estudante.
“Esse é para ajudar os nossos alunos que estão com difícil acesso para chegar às nossas escolas. Os rios estão secando, muitas erosões acontecendo, isso impossibilita dos nossos alunos chegarem até a escola então a palavra que se resume é gratidão a essa equipe que tem nos ajudado a chegar nessas comunidades”, pontua a gestora
A estudante Yasmin Feitosa, 17 anos, está na 2ª série do Ensino Médio. Ela mora na comunidade de São Sebastião e vê que o Governo do Estado tem apoiado os estudantes de todas as formas.
“Eles vieram entregar nossas apostilas e eles estão fazendo muito esforço para estar aqui com a gente. Eu só tenho a agradecer por todo o apoio, principalmente dos professores, por tudo”, enfatiza
No total, 11 comunidades na zona rural do Careiro da Várzea estão sendo atendidas: Paraná de Autaz Mirim, São Lázaro; Jacuraru; Ramal 17; Estrada de Autazes; Anveres; Ramal Purupuru; Nossa Senhora do Perpétuo Socorro; Sagrado Coração de Jesus; Quadra do 22, e Estrada Deres. Além das comunidades, a ação alcança os quilômetros 22, 18 e 15 na BR 319.