Só na área industrial, o Brasil precisa qualificar 9,6 milhões de trabalhadores até 2025
A Associação Fórum Nacional das Mantenedoras de Instituições de Educação Profissional e Tecnológica (BrasilTec) divulgou carta que está sendo entregue aos presidenciáveis nas eleições de 1º de outubro, com propostas para o ensino técnico do país. Dentre as sugestões da entidade está o ‘FiesTec’, um financiamento voltado para a formação de nível técnico, já que atualmente o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), do governo federal, é destinado apenas a cursos de graduação e pós-graduação.
Para a diretora técnica e pedagógica do Centro de Ensino Técnico (Centec), Eliana Cássia de Souza, a proposta é importante para ampliar o acesso ao ensino profissionalizante e evitar um ‘apagão’ no mercado, visto que o Brasil hoje carece desse tipo de mão de obra.
A escola que ela dirige em Manaus (AM) atua há 13 anos e oferece 36 cursos técnicos, auxiliares e de especialização. “Acredito que o caminho para aumentar o acesso ao trabalho é a formação técnica, mas a experiência em educação nos mostra que a questão econômica, muitas vezes, impede jovens de terem acesso à educação profissional. Por isso, um financiamento pode ser uma alternativa não apenas para a mudança de vida daquele aluno, mas para que o mercado continue recebendo profissionais qualificados”, afirma a diretora.
Em relação ao mercado de trabalho, somente na área industrial, um dos principais setores do Brasil, o país precisa qualificar 9,6 milhões de trabalhadores até 2025. Desse total, dois milhões se referem a novos empregados e 7,6 milhões para formação continuada, ou seja, colaboradores já contratados que precisam atualizar o currículo com novas formações. Os dados são do Mapa do Trabalho Industrial 2022-2025.
“Entendemos que o desemprego precisa ser observado também pela causa social, e uma das motivações é a dificuldade daquela pessoa em busca de emprego de obter uma formação adequada, como um curso técnico. É preciso ter uma política de educação específica para isso”, defende a educadora.
O número de matrículas em cursos de graduação com financiamento estudantil ultrapassou os três milhões em 2020, maior da série histórica, segundo dados do Censo do Ensino Superior divulgados em fevereiro de 2022. O programa de Financiamento Estudantil (Fies), do governo federal, foi a modalidade mais comum dentre as reembolsáveis, com 353 mil matrículas em um ano.
Outras propostas
Além do financiamento para cursos técnicos, a BrasilTec propõe uma matriz única de disciplinas de formação para todo o país, o que, segundo Eliana Souza, “é de extrema importância para colocar os egressos em condições de igualdade de acesso a empregos”. Além disso, o Fórum das empresas sugere a criação de um ‘identificador único’ do estudante técnico e uma plataforma nacional que permita o registro de certificações e ofertas de vagas de emprego.
Outra proposta é para que estados e municípios ofertem bolsas de formação técnica e de qualificação, além de incentivo público para cidades atraírem o ensino técnico correlacionado com as demandas da economia local. Essa última sugestão seria custeada pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb).