Um ano após lançar seu álbum de estreia “De Primeira” (2021) e o single “Por Supuesto” tornar-se um sucesso nas redes sociais, Marina Sena fez sua primeira parada em Manaus. O show da cantora no Pódium da Arena da Amazônia, na sexta-feira (19/04), foi uma celebração ao disco que permitiu ela ser quem é hoje, mas foi também o primeiro encontro com o calor da capital amazonense.
Como uma das primeiras atrações a se apresentar, entre os conterrâneos Karen Francis, Dan Stump, Pimenta com Sal e BSRAPHA, Marina chegou entregando o que o público estava esperando: uma performance forte com estrutura impecável, danças sensuais e hits românticos. “Seu Olhar”, um pop dançante misturado com batidas do funk, foi a música que deu início ao espetáculo e fez Sena mostrar seus passos bem coregrafados para a turnê.
O show seguiu a mesma composição e estética de sua apresentação no Lollapalooza, realizado em março deste ano, mas com a adição de algumas músicas, como “Apenas Um Neném” (feita em parceria com Glória Groove) e o cover de “La Isla Bonita”, da Madonna. Marina, inclusive, disse que tem vontade de regravar essa canção e disponibilizar nas plataformas de streaming. “Vamos ver se a gente consegue, né?”, disse em relação ao direitos autorais.
A estética foi o ponto forte de Marina Sena – cada música, dança e luz pareciam combinar para criar a narrativa que ela desejava contar. Em “Santo”, Sena ficou coberta de feixes de luzes brancas em meio à escuridão da noite amazonense. “Fé que vai chegar um santo que me mostre que eu já sou um anjo e vi a minha liberdade”, cantou enquanto evocava a teatralidade e a música lírica para transformar o palco em seu verdadeiro altar.
O palco, na verdade, pareceu ser o lugar seguro de Marina. Em nenhum minuto, ela deixou de ser confiante e impressionar todos com sua qualidade vocal. Os melismas, as notas agudas e o jeito excêntrico de cantar (anasalando alguns tons) fizeram dos versos de suas músicas (mais românticas às mais dançantes) uma obra única e verdadeiramente autoral. Foi através desse talento vocal que ela encontrou a maneira de encantar Manaus, nesta noite.
“Voltei Pra Mim”, uma das composições mais imponentes de Sena, foi um dos pontos altos da noite. O coro da audiência realçou a importância da música de buscar o autoconhecimento e autoproteção. “É uma música de empoderamento muito importante para as mulheres”, ressaltou Rebeca Morais, 22, que foi ao show após ganhar o ingresso em um sorteio.
É quente mesmo aqui, né? Tô toda suada!”, brincou ao falar dos 30 graus que faziam naquela noite. “Mas eu amo o calor, viu gente!”, ressaltou logo em seguida. Essa foi a introdução para “Ombrim”, música de sua antiga banda “Rosa Neon”, em que Marina celebra a temperatura tropical: “só o calor deixa o meu corpo assim, bem de leve e bem melhor de cor, meu humor não pode ver um frio”. A perfomance foi sensual, cheia de leves melismas e gemidos – uma conexão entre o calor de Manaus e a cantora. Era como se eles tivessem nascidos um para o outro, firmando uma eterna comemoração em corpos ardentes.
O final do Show é enérgico com “Pelejei” – uma canção sobre sucumbir ao desejo. “Eu tentei me parar, mas parece que é bom”, foi nesses versos que Marina encontrou o desfecho de sua perfomance. Foi ainda através dessa entrega ao desejo de cantar, de mostrar sua arte e se conectar com público, que ela fechou o espetáculo em Manaus – o show tinha parado ali, mas sempre ia sucumbir à energia do público.