O povo tupinambá tem a guerra como um fator de organização social. Por isso, ao longo de sua história, a etnia protagonizou diversas batalhas contra os colonizadores portugueses. As técnicas, rituais e os artefatos desenvolvidos pelos tupinambás sempre chamavam a atenção nos combates. No entanto, essa “vocação para a guerra” quase causou a extinção da etnia.
Em Manaus, no coração da zona Leste, uma comunidade Tupinambá que existe há 20 anos também trava algumas guerras diárias pela sobrevivência e preservação dos costumes da etnia, em meio ao cenário urbano. Localizada no João Paulo 4, bairro Jorge Teixeira, a aldeia São João Batista reúne atualmente 45 famílias, entre Tupinambás e Tukanos.
A área verde nas proximidades da rua Anador, foi ganhando adaptações ao longo das duas décadas de existência. Hoje, ela é procurada principalmente por pessoas enfermas, que buscam nos rituais de cura dos tupinambás, uma solução espiritual para suas doenças. Há uma maloca dentro da comunidade, exclusiva para os rituais, onde a entrada é restrita. O pajé Marcos Tupinambá, que também é o cacique da aldeia, conduz os atendimentos espirituais. Os indígenas da comunidade também fazem artesanatos e pinturas que ajudam na manutenção do espaço. Além disso, a aldeia São João Batista ainda conta com uma escola que ensina rituais, cantos xamânicos, pinturas, religião e a língua Nheengatu para as crianças da comunidade. Os custos são todos mantidos pela próprios Tupinambás, que seguem estruturando a aldeia dentro do possível.
Desde o início da comunidade, os Tupinambás da aldeia São João Batista travavam uma batalha diária para ter acesso a um direito essencial de todo cidadão: o de ter água potável em suas torneiras. Ao longo dos anos, eles se revezaram entre uma cacimba dentro da aldeia e um sistema de abastecimento com tubulações improvisadas, que “puxava” água de ruas próximas para dentro da comunidade, em condições bem longe das ideais.
No começo do mês de outubro, equipes da concessionária Águas de Manaus conheceram o local e realizaram um trabalho que transformou definitivamente a vida dos moradores da aldeia urbana. Foram implantados quase 200 metros de tubulações regulares de água, hidrômetros, cavaletes e toda estrutura necessária para abastecer a comunidade 24 horas por dia com água tratada de qualidade.
O fato de abrir a torneira e ter água disponível a qualquer hora do dia é celebrado pelo pajé Marcos Tupinambá. “Antes, usávamos uma estrutura precária para conseguir garantir o mínimo de água. Comprávamos hipoclorito pra colocar na cacimba para melhorar um pouco, mas era longe do ideal. Tudo isso mudou após o trabalho da empresa aqui. Hoje, temos água na comunidade o dia inteiro. E ela é realmente limpa e livre de qualquer tipo de doença. Só posso dizer Kuekatu reté, que significa ‘muito obrigado’ em nossa língua”, disse o pajé.
TRABALHO EM ÁREAS VULNERÁVEIS – Uma das principais frentes de trabalho da Águas de Manaus na cidade é o de levar água tratada até as regiões vulneráveis, que não contavam com abastecimento regular, como é o caso da aldeia São João Batista. Mais de 114 quilômetros de redes de água já foram implantados pela empresa em regiões semelhantes de 51 bairros da cidade, beneficiando aproximadamente 120 mil moradores de becos, palafitas, escadões, rip-rap e áreas de ocupação recentemente regularizadas.
Além da água tratada, a concessionária também garantiu a Tarifa Manauara para todos os moradores da Aldeia urbana. O benefício concede 50% de desconto nas faturas. O gerente de responsabilidade social da Águas de Manaus, Semy Ferraz, ressalta a importância desse trabalho em áreas vulneráveis. “Regularizar o abastecimento de locais como a aldeia Tupinambá São João Batista é uma forma de promover justiça social, dignidade e garantir uma melhor qualidade de vida para as pessoas que vivem ali. Água tratada é saúde. A empresa seguirá trabalhando para garantir que toda população tenha acesso aos serviços de saneamento básico”, garantiu Semy.