A primeira etapa de reassentamento de 276 famílias que moram na Comunidade da Sharp, na zona leste de Manaus, foi comemorada por quem vive na área onde começarão as intervenções do Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus e Interior (Prosamin+). Os contemplados nesta fase participaram de dois mutirões realizados nos dias 27 e 28 de julho, na Escola Estadual Manoel Rodrigues de Souza, bairro Armando Mendes, na zona leste.
A ação coordenada pela Unidade Gestora de Projetos Especiais (UGPE) e Superintendência de Habitação do Amazonas (Suhab) recebeu documentos dos moradores para a abertura de processos individuais de desapropriação.
Para alguns moradores, como a vendedora Camila Morais, de 24 anos, o processo em etapas deu mais segurança àqueles que desejam uma nova moradia. A etapa de entrevistas socioeconômicas sucede uma preparação extensa para a apresentação do projeto, incluindo reuniões com lideranças comunitárias e plantões sociais praticados pelas equipes sociais junto aos moradores.
“Dá uma segurança. É tudo por etapas. Eu gostei da reunião. A mulher explicou tudo certinho, como vai ser. Ali a moça já adiantou um pouco também, está pegando os dados, falaram o que precisa. Só é vir, entregar, e se Deus quiser vai dar tudo certo”, afirmou Camila.
A vendedora conta que mora há quatro anos na comunidade com as duas filhas, uma de três e outra de um ano de idade. Camila sonha com a vida em outro lugar. Com o Prosamin+ ela acredita que a comunidade vai ter um novo valor, onde “prédios bonitos”, segundo ela, substituirão um espaço insalubre e inseguro.
“Para mim desejo uma casa, não um apartamento. Uma casa só minha, de alvenaria, meu quartinho, tudo bonitinho. A minha casa é o meu conforto, lógico, mas não é do jeitinho que eu quero. Quando eu tiver condições ainda vai ser”.
Reassentamento em linha
O processo de reassentamento das famílias alcançadas pelo Prosamin+ seguirá um processo gradual. O coordenador executivo da UGPE, Marcellus Campelo, explica que esta é a primeira turma de 276 famílias que receberão as soluções de reposição de moradia provisória ou definitiva. A UGPE está em planejamento para execução de novos mutirões de documentação.
“Nós trabalhamos aqui com reassentamento em linha que nós chamamos. Lições aprendidas de outras etapas do programa mostram que precisamos avançar de forma paulatina com o reassentamento das famílias, a gente reassenta uma frente de obras e as obras entram, avançam e se instalam, e enquanto está se instalando uma frente, uma outra frente está trabalhando”, pontuou.
Segundo Campelo, as famílias cuja solução de reposição de moradia encontrada for o bônus moradia ou a unidade habitacional ficarão recebendo bolsa moradia transitória. As famílias beneficiadas com esse programa vão receber o valor de R$ 550 por mês, até que o imóvel seja entregue.
“Nós atendemos toda a legislação, todos os decretos de interesse público e social já foram publicados, o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) já deu a aprovação, nós já temos pareceres da PGE (Procuradoria Geral do Estado), todos os pareceres legais, autorização da Assembleia Legislativa, então nós estamos muito tranquilos do ponto de vista legal em relação a reposição”, acrescentou o coordenador da UGPE.
Para a moradora da Comunidade da Sharp, Adriana Rodrigues, de 26 anos, a expectativa de recomeçar em um novo local é um sonho para todos os moradores.
“Com certeza, não só para mim como para todos os moradores da Sharp. Acho que vai mudar tudo, com certeza, porque nós vamos ter a nossa casa, não vamos mais passar por alagação que toda vez quando chove as casas vão para o fundo, vamos ter uma moradia digna de verdade e eu espero que isso aconteça”.