Uma das maiores cantoras e pianistas brasileiras de todos os tempos, Leila Pinheiro é a principal atração do encerramento do “Amazonas Green Jazz Festival”, que acontece neste sábado, dia 30 de julho, às 20h, no Teatro Amazonas. Com mais de 40 anos de carreira, mais de 25 CDs e três DVDs, ela ficou conhecida como a “diva da Bossa Nova” por exaltar e unir suas composições próprias com clássicos da Música Popular Brasileira (MPB), como sucessos de Chico Buarque, Gonzaguinha, Roberto Carlos e Guilherme Arantes.
Nascida no Pará, Leila aprendeu a tocar piano aos 10 anos e passou a estudar com um conterrâneo, Guilherme Coutinho, músico de talento e presença importante no cenário musical de Belém. Em 1980, ela abandonou o curso de medicina e mudou-se para o Rio de Janeiro, onde começou a carreira musical.
Leila Pinheiro não vem ao Amazonas há mais de sete anos. A última vez foi em 2015, mas nunca cantou em festivais de música em Manaus. Essa será a primeira vez estreando como atração principal de encerramento do “Amazonas Green Jazz Festival” ao lado da Amazonas Jazz Band. Em entrevista para o Segundo a Segundo, ela diz estar honrada em poder fechar o festival, que este ano traz a preservação da Amazônia como destaque.
“A ideia era exatamente essa, chamar atenção para essa Amazônia. É grandiosa, mas aos poucos está sendo dizimada, depredada e machucada. Estamos atraindo a atenção das pessoas através da música, para pensarem um pouco nesse contexto que a gente vive no Brasil. Especialmente aqui na Amazônia, né? Então eu fico muito feliz, muito honrada de poder encerrar o festival. Para mim é um presente!”, afirmou.
Leila coleciona muitos prêmios da música e já fez turnês pelos Estados Unidos, Europa, Japão, Coréia do Sul e muitos outros locais. Em relação ao público destes países, ela diz sentir que os estrangeiros amam a brasilidade e que sentem uma certa inveja da produção cultural que existe no Brasil.
“O mundo vive aos pés da bossa nova, aos pés de Jobim, aos pés da música brasileira. Se eu vou cantar em Tóquio, o que eles querem ouvir é exatamente o que a gente faz aqui. O mundo é enlouquecido com a música brasileira. Reconhece, aplaude e acho que até inveja, de alguma forma, o que a gente produz aqui”.
Pandemia
Durante o isolamento social, a cantora não parou. Mesmo sendo um período difícil para a classe artística, ela tentou ficar extremamente produtiva e fez mais de cem lives. Durante esse período, ela também produziu quatro álbuns de estúdio. Porém, Leila foi bem crítica em relação à produção de discos e diz que não vê mais sentidos em criar músicas para o streaming.
“Eu ando um pouco triste com essa coisa do álbum. O que é o álbum? São músicas de uma plataforma digital que você não sabe quem escuta, não sabe quem reproduziu. Você faz um produto que precisa ter um conceito, planeja e dedica sua vida ali para que aquilo vá para o mundo e de repente você vai para as plataformas digitais e ponto. Ninguém mais tem CD, então não adianta fazer CD, né? Desde que lançaram o iPod, eu acho que houve uma revolução no mundo, mas a música foi pra outro canto”, afirmou.
Sobre o que o público pode esperar para este show de encerramento, Leila não hesitou em dizer que este concerto é para quem ainda não teve a oportunidade de ver Leila Pinheiro com Amazonas Jazz Band: “É para muita gente que não veio ainda, que nunca viu esse espetáculo e nunca viu o meu encontro com a Amazonas Band. Então, é muito forte”, concluiu.
Com um novo conceito, propondo o desafio de alinhar cultura, sustentabilidade e meio ambiente, o “Green Jazz Festival 2022” acontece desde o dia 22 de julho. O evento foi adiado em 2020 e 2021, por conta da pandemia, mas voltou a reunir estrelas da música instrumental brasileira e da elite internacional do jazz, neste ano. O Amazonas Green Jazz Festival é uma realização do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa (SEC-AM).