“Kananciuê, Tatauapã, Numiá, Arapiá, Numiá. Sob a luz do luar. Nas terras de berocã. Canaã, canaã. Às margens do rio Araguaia. Aruanã”. Qualquer amazonense que escute o começo dessa toada irá relembrar um dos maiores festivais do Brasil, o de Parintins (a 369 quilômetros de Manaus). Mas quem nunca teve curiosidade de descobrir qual o significado das palavras indígenas das toadas dos bois Caprichoso e Garantido?
Agora você pode verificar no “Dicionário de palavras de origem indígena nas toadas dos Bois-Bumbás de Parintins”, das professoras Dulcilândia Belém da Silva e Silvana Andrade Martins, da Universidade do Estado do Amazonas (UEA).
O lançamento da obra ocorreu quinta-feira (21/07), na Banca do Largo. O evento encerrou a série de lançamentos de livros da Coleção Multiáreas, que aconteceram durante os meses de junho e julho e que foram iniciados no projeto “Quartas Literárias”, do Casarão de Idéias.
Uma das autoras da obra, Dulcilândia Belém da Silva, explicou que sua relação com o Festival de Parintins é de família, pois nasceu na Ilha Tubinambarana e acompanhou a evolução da festa.
“Vi toda a evolução do festival e, também, nas toadas. Quando foram inseridas as palavras indígenas algumas pessoas não ligaram. Mas outras informaram que estavam colocadas de forma aleatória. Essa foi a minha inquietação. Assim, surgiu a oportunidade do Programa de Pós-Graduação em Letras e Artes, já sabia o que queria falar e fomos investigar”, observou.
Dulcilândia destacou que o dicionário é enriquecido com ilustrações, tornando o material didático.
“Para enriquecer o material e não ficar algo só com os significados e conceitos, pensamos em colocar as ilustrações. Por exemplo, se for utilizado com os alunos dos ensinos Fundamental e Médio, chamaria atenção deles para associar as palavras já que há uma simbologia ali. Ficou super fácil de manusear e lúdico”, informou.
A orientadora de Dulcilândia e professora da UEA, Silvana Andrade Martins, reforça que o desejo era que todo o material coletado pudesse ser divulgado em outro formato, para atingir e impactar a sociedade, além da academia.
“Principalmente nos alunos da educação básica, no material, porque as palavras indígenas mostram essa relação entre língua portuguesa e línguas indígenas, línguas e culturas, formação cabocla”, reforçou.
A pró-reitora de Planejamento (Proplan/UEA), Prof.ª Dra. Joésia Moreira Julião Pacheco, ao representar o reitor da UEA, Prof. Dr. André Zogahib, reiterou que o compromisso da nova gestão com os docentes é divulgar o trabalho científico desenvolvido na universidade.
“O compromisso da atual gestão da UEA é expandir as oportunidades de publicação. Queremos que a UEA se aproxime cada vez mais da sociedade e que possamos conhecer, enquanto sociedade, o que é produzido dentro da universidade”, finalizou.
A obra está disponível para venda na Banca do Largo, por R$ 50.