O Brasil possui atualmente 12 milhões de pessoas buscando uma oportunidade de trabalho, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para se destacar e concorrer a uma das vagas disponíveis no mercado, o currículo é o primeiro ponto de contato entre candidato e recrutador. Por isso, é preciso colocar nele, de maneira honesta, os pontos fortes do profissional.
Segundo o professor dos cursos da área de gestão da Faculdade Santa Teresa, Luis Carlos Melo, uma das preocupações dos candidatos tem sido apresentar um currículo com várias experiências curtas nas empresas, o que pode ser interpretado pelo recrutador como falta de compromisso.
Por outro lado, de acordo com o professor, passar muito tempo em uma empresa não chega a ser uma virtude, a não ser que esse emprego seja realmente desafiador e recompensador em vários aspectos. “Tempo de serviço nem sempre significa profissionalização. Há pessoas, por exemplo, que declaram possuir dez anos de experiência em determinada função, quando na verdade passam um ano repetido por dez vezes, tal é a acomodação e a falta de interesse em atualização de conhecimentos”, disse.
O fato de criar um hiato relativamente exagerado entre um emprego e outro, sem uma justificativa plausível, como a finalização de um curso stricto sensu ou intercâmbio, pode prejudicar o futuro candidato a uma vaga. “O recrutador pode entender que ao optar pelo ócio supostamente deliberado, o candidato deixou de se preparar para as demandas do mercado”, frisou.
O professor Luís Carlos, que ministra matérias de gestão de pessoas e empreendedorismo na Santa Teresa, orienta que se o currículo tiver uma lacuna grande de tempo entre um emprego e outro, o ideal é que o candidato não apresente apenas a ocupação que exerceu em determinado cargo. É necessário evidenciar as conquistas que porventura protagonizou, como a implantação de determinado sistema, participação em grupos de trabalho para melhoria de produtos ou processos e premiação por destaque em vendas. “Como diz um velho ditado, quem não se mostra, não é visto. Por isso a importância de mostrar as qualidades”, destacou.
Além do currículo tradicional, o candidato deve procurar outras alternativas para ser visto. Uma boa opção é a rede social profissional Linkedin. “A plataforma envia e-mail todo fim de semana a seus assinantes, informando quem pesquisou seus dados em determinado período. Esse é um sinal de que alguém, em algum lugar, consultou as suas informações pessoais e profissionais, quem sabe identificando que seu perfil se enquadra em alguma condição necessária ao preenchimento de vagas em empresas”, explicou.
Luis Carlos recomenda que, enquanto a sonhada vaga não aparece, o ideal é engrandecer o currículo com a realização de cursos, participação em workshops e seminários. “Mesmo que a passagem por um emprego tenha sido curta, sempre há de se considerar o lado positivo do aprendizado, que pode beneficiar a carreira. A ênfase, portanto, não se vincula essencialmente ao tempo dispendido, mas às lições que foram apreendidas durante o período. Focar em experiências e resultados fazem mais diferença do que o tempo que durou o vínculo empregatício”.