Em 2022, o Ateliê 23 vai apresentar mais duas produções audiovisuais com assinatura da companhia. Como carro-chefe do ano estão os curtas-metragens “Ensaio de Despedida” e “Pinheirinho”, além da circulação do primeiro filme do grupo, “A Bela é Poc”, e do videoclipe “Glowria”.
A programação para este ano conta ainda com a montagem de novos espetáculos de teatro, como o musical “Cabaré Chinelo” e as obras de dança-teatro “Eu falo para que você possa me ouvir” e “Sebastião”. A companhia segue também com apresentações das obras em repertório, “Helena” e “A mulher que desaprendeu a dançar”.
“O grupo, que completa nove anos de existência e atividades continuadas, dará um novo salto e internacional. Apoiado com o edital para cocriação entre países que compõem o Programa Iberescena, fundo de ajuda para as artes cênicas ibero-americanas, vamos criar o musical ‘Cabaré Chinelo’, com a artista argentina Jazmín García Sathicq, da Cia García Sathicq”, destaca Taciano Soares, diretor do Ateliê 23.
A obra, segundo ele, é baseada em fatos históricos e denúncias reais, como pressupõe a pesquisa intitulada de bionarrativas cênicas que o grupo realiza, e narra o outro lado da história que ronda o período em que o Hotel Cassina, no centro histórico de Manaus, recebia políticos e poderosos da borracha, no que se chamava internamente de cabaré chinelo.
“O trabalho relata porquê e, principalmente, como a prostituição no Amazonas se deu neste período e, ainda, denunciando a maneira como muitas mulheres advindas da Europa e também dos arredores da cidade de Manaus, eram realmente tratadas nesse mercado da exploração sexual”, afirma o artista.
Taciano vai dividir a direção do projeto com a artista argentina e ambos também são responsáveis pela dramaturgia. Eric Lima assume a direção musical da obra e Carol Santa Ana a direção de atores.
“Vamos a Buenos Aires começar a pesquisa in loco, junto com o pesquisador Narciso Freitas, mestrando em História pela Universidade Federal do Amazonas e, no segundo semestre, começam a montagem do trabalho com previsão de estreia para outubro”, adianta o diretor.
Audiovisual
O diretor do Ateliê 23 conta que as gravações de “Ensaio de Despedida” estão em andamento, com o elenco formado por ele, Dimas Mendonça, Dinne Queiroz e Julia Kahane. O roteiro e a direção são de Eric Lima, com assistência de direção de Diego Bauer enquanto a direção de fotografia é de Ramon Ítalo – com assistência de Dan Stump e trilha sonora de Guilherme Bonates.
“A equipe que criou ‘A Bela é Poc’, ‘Glowria’ e ‘Azul’ se reencontra nessa nova empreitada, com lançamento previsto para abril. O curta aborda os desencontros de um casal que está se separando, mas que traz nas cenas e nos diálogos dores que atravessam as imagens criadas pelo espectador”, destaca o artista. “É um convite para que possamos nos colocar junto às personagens e nos localizarmos sobre momentos que, certamente, alguns de nós já viveram em nossas vidas pessoais”.
Já “Pinheirinho” começa a rodar em junho. Segundo Taciano, que estreia na direção de um projeto audiovisual e divide o roteiro com Eric Lima, a previsão é de lançar o filme em outubro.
O elenco traz nomes como Denni Sales, Eric Lima, Francis Madson, Julia Kahane e Viviane Palandi.
“Este trabalho se assume como a primeira comédia do grupo e faz referência às questões que artistas de teatro enfrentam no Brasil quanto à capacidade de reinventar-se e a dificuldade de acesso aos recursos necessários à continuidade de um grupo”, comenta o diretor. “Nesse processo autofágico, os artistas precisarão repensar suas escolhas e provar para si mesmos que são capazes de construir uma obra distante da linguagem que estão acostumados a trabalhar”.
Teatro
Duas obras de dança-teatro também estão na mira do Ateliê 23 em 2022: “Eu falo para que você possa me ouvir” e “Sebastião”. A primeira, prevista para abril, com direção de Taciano Soares e, no elenco, Carol Santa Ana e Eric Lima traz à cena debates sobre o comportamento da sociedade.
“Sebastião”, conforme o diretor da companhia, é uma resposta criativa do grupo aos ataques sofridos e às violências despejadas contra o coletivo a partir do lançamento do clipe “Glowria”, em outubro de 2021.
“O trabalho visual que se pautava na inclusão de homens assumidamente gays e a possibilidade de professarem sua fé dentro do espaço da igreja, foi rapidamente modificado pelas centenas de manifestações de ódio e mesmo o desejo de morte por uma parte de cristãos nas redes sociais”, comenta Taciano.
A direção e as músicas são de Eric Lima enquanto a dramaturgia é de Taciano Soares.
Ateliê 23
A companhia tem sede no Centro de Manaus desde março de 2015, na Rua Tapajós, 166, com 16 espetáculos no repertório. A principal característica do grupo é trabalhar com histórias reais, objeto da tese de Doutorado “Bionarrativas Cênicas: Dispositivos de Comoção em Obras do Ateliê 23”, defendida por Taciano Soares na Universidade Federal da Bahia.
Entre obras de sucessos de público e crítica estão “Helena”, selecionado para a mostra a_ponte: cena do teatro universitário do Itaú Cultural e indicado ao Prêmio Brasil Musical; “da Silva” e “Ensaio de Despedida”, indicados para o projeto Palco Giratório, do Sesc; “Vacas Bravas” e “Persona – Face Um”. Este último colocou em pauta o tema transfobia e ficou um ano e meio em cartaz.