Cerca de 60 aprovados no concurso público do município de Juruá (a 672 quilômetros de Manaus) fizeram manifestações em diferentes pontos da cidade pedindo a continuidade certame. O Ministério Público do Amazonas (MPAM) solicitou da Justiça a suspensão imediata e, posteriormente, a anulação do concurso após identificar irregularidades, como o indício de favorecimento de alguns candidatos, de pelo menos quatro diferentes cargos.
As provas ocorreram em maio do ano passado, com a oferta de 245 vagas para 44 cargos. A suspensão do concurso, a pedido do MPAM, ocorreu logo após a homologação do certame.
Aprovado para o cargo de Técnico de Informática, Kennedy Damasceno disse que houve a divulgação de uma lista preliminar, onde os nomes dos 12 candidatos identificados pelo Ministério Público não aparecem. Os aprovados pedem que a Justiça olhe cada caso já que, segundo Kennedy, mais de 200 candidatos foram aprovados sem qualquer irregularidade.
“Queremos que a Justiça faça a averiguação na primeira lista preliminar de resultado, seguir com as investigações sobre eles. Porém sem que sejam impostas sanções a quem passou e está de forma regular, que são mais de 200 candidatos”, disse.
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As manifestações dos aprovados ocorreram em frente a Câmara de Vereadores do município, a Promotoria de Juruá e do fórum de Justiça. Nos cartazes levados, frases como “só queremos nossa vaga” e “só queremos trabalhar” foram vistas.

O concurso público no município era aguardado com bastante expectativa pelos moradores, já que um certame não era realizado em Juruá há pelo menos 10 anos.
“Que seja dado seguimento no certame e que tirem a suspensão feita, para que seja feita a justiça com os mais de 200 candidatos que precisam ser convocados”, enfatizou o Kennedy.
Concurso suspenso por suposto favorecimento
De acordo com a ação civil pública (ACP) assinada pelo promotor de Justiça Rafael Augusto Del Castillo da Fonseca, foram verificadas discrepâncias significativas nos resultados das provas objetivas. Candidatos sem percentual mínimo de aprovação tiveram sua pontuação elevada de forma abrupta, garantindo posições de destaque na classificação final.
Entre os casos apontados, um candidato que havia obtido 10 pontos na prova objetiva teve sua pontuação elevada para 25 no resultado final, alcançando a primeira colocação. Situação semelhante ocorreu com candidatos a cargos de auxiliar administrativo, recepcionista, fisioterapeuta e engenheiro, cujas notas aumentaram expressivamente sem justificativa plausível.
Diante dessas irregularidades, o MPAM solicitou à Justiça a suspensão imediata do concurso como medida cautelar e, no mérito, a anulação do certame, a declaração de inidoneidade do Instituto Abaré-Eté e a realização de um novo concurso público. A Justiça deferiu a tutela de urgência requerida, suspendendo o certame até deliberação posterior.