Indícios de favorecimento a determinados candidatos levaram a Justiça do Amazonas a suspender o concurso público realizado pela Prefeitura de Juruá (a 672 quilômetros de Manaus). A seleção foi conduzida pelo Instituto Abaré-Eté.
As irregularidades foram identificadas após a apuração do Ministério Público do Amazonas (MP-AM), por meio da Promotoria de Justiça de Juruá. A investigação aponta aumentos expressivos e inexplicáveis de pontuação entre o resultado preliminar e a classificação final, além de diferenças significativas nos resultados das provas objetivas.
Entre os casos apontados, um candidato que havia obtido 10 pontos na prova objetiva teve sua pontuação elevada para 25 no resultado final, alcançando a primeira colocação. Situação semelhante ocorreu com candidatos a cargos de auxiliar administrativo, recepcionista, fisioterapeuta e engenheiro, cujas notas aumentaram expressivamente sem justificativa plausível.
Diante dessas irregularidades, o MPAM solicitou à Justiça a suspensão imediata do concurso como medida cautelar, a anulação do certame e a declaração de falta de idoneidade do Instituto Abaré-Eté, além da realização de um novo concurso público. A Justiça deferiu a tutela de urgência requerida, suspendendo o certame até deliberação posterior.
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Responsável pelo concurso em Juruá justifica notas
O Instituto Abaré-Eté alegou que as alterações nas pontuações decorreram de um processo de calibração do sistema de leitura óptica dos cartões-resposta. Segundo a banca examinadora, algumas marcações teriam sido registradas de forma inadequada pelos candidatos, tornando a leitura inicial imprecisa.
Diante disso, ajustes teriam sido realizados para que as respostas fossem corretamente identificadas, resultando no aumento das pontuações de diversos participantes. O Instituto também afirmou que o procedimento de calibração é comum em concursos públicos e visa evitar prejuízos aos candidatos devido a falhas na interpretação das respostas.
Porém, o Ministério Público destacou que essa justificativa não se sustenta, pois, conforme previsto no edital do concurso, a correta marcação dos cartões-resposta é de responsabilidade exclusiva dos candidatos. O documento estabelece, inclusive, que erros na marcação, rasuras ou marcações fora do padrão podem levar à anulação das respostas e até mesmo à exclusão do certame.