A população de Iranduba, no Amazonas, apresentou denúncia relatando condições insalubres e impactos à saúde decorrentes da gestão de resíduos no município. Moradores apontam falhas na coleta e no descarte de lixo que afetam tanto áreas urbanas quanto rurais.
O lixão localizado no Km 6, em operação há mais de 30 anos, é citado na denúncia como ponto crítico. Segundo relatos de lideranças comunitárias, o local apresenta fumaça de queimadas, chorume escorrendo, presença de urubus e tráfego intenso de caminhões. Crianças passam diariamente pelo local a caminho da escola, enquanto catadores trabalham sem equipamentos de proteção individual, sem acesso a água potável ou sanitários.
O presidente da Associação Rural da Comunidade São Francisco, André Peres, que mora a cerca de dois quilômetros do lixão, descreve a situação como devastadora: “Como é que vamos ter turismo com uma cidade suja desse jeito? Como líder comunitário aqui do km 6, sou cobrado pela população por aquilo que o poder público não quer que a gente cobre deles. Bilhões entram no município e a gente, no século 21, vive essa pobreza toda. Isso é inaceitável e imoral”.
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Segundo Peres, a cidade está repleta de lixeiras viciadas, inclusive no Cacau Pirêra, e até mesmo na sede administrativa do distrito, onde nem placa de identificação existe.
No Novo Paraíso, o líder comunitário Benedito Leite relata os efeitos na saúde: “Meu filho amanheceu com os olhos inchados e garganta inflamada por causa da fumaça do lixão”. Ele também afirma que a população rural está enfrentando dificuldades para plantar e que a água de igarapés e poços artesianos apresenta sinais de contaminação.
O vigia do lixão, José Batista Coelho, de 64 anos, trabalha no local desde 2016. Ele está doente, com sintomas de ansiedade, cansaço extremo e teve um princípio de AVC, mas continua exposto diariamente à fumaça tóxica e ao chorume em condições insalubres.
A Lei 12.305/2010 determina que lixões deveriam ser substituídos por aterros sanitários até 2024, mas, conforme a denúncia da população, a Prefeitura de Iranduba ainda não implantou planos de reassentamento das famílias afetadas nem programas de educação ambiental.
A redação do Segundo a Segundo solicitou uma nota oficial da Prefeitura de Iranduba sobre a denúncia, mas até a publicação desta matéria não houve retorno. O espaço segue aberto para esclarecimentos.


