Vítimas da caça ilegal, oito peixes-bois da Amazônia, que viviam nos tanques do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), foram levados pela equipe da Associação Amigos do Peixe-boi, nesta semana, para um lago seminatural da Fazenda Santa Rosa, em Iranduba, onde ficam para readaptação à natureza até a soltura nos rios.
Essa etapa faz parte do Programa de Soltura de peixes-bois do Projeto Peixe-boi que é executado pela Ampa em parceria com o Laboratório de Mamíferos Aquáticos do Inpa, e recebe o apoio financeiro do SeaWorld, por meio do Fundo de Conservação do SeaWorld e Busch Gardens.
A coordenadora do Projeto, a pesquisadora Vera da Silva, explica que a etapa do semicativeiro é de extrema importância para a adaptação dos animais ao ambiente natural antes de serem soltos nos rios da Amazônia e funciona como uma pré-soltura.
“Hoje concluímos mais uma etapa importante do programa de soltura e aqui no lago os animais vão reaprender a serem selvagens e assim conseguir viver com os desafios que vão encontrar na natureza”, contou Silva.
Dos oito animais levados para o lago, cinco são machos e três são fêmeas, que se juntam aos sete que já estavam no semicativeiro, segundo o veterinário Anselmo d´Affonseca. “Fizemos a seleção dos animais adultos após uma bateria de exames onde conseguimos avaliar quais estavam mais aptos para essa etapa”.
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Resgate e reabilitação dos peixes-bois
Quando os peixes-bois chegam ao Inpa após o resgate, eles passam pelo processo de reabilitação e manejo dos veterinários e tratadores. A pesquisadora explica que a caça ilegal ainda é um dos principais motivos dos resgates.
“O peixe-boi é uma espécie em perigo de extinção, e a caça predatória ainda ocorre na região amazônica. Os caçadores matam a mãe, e o filhote não tem como se alimentar porque é uma espécie que mama até os dois anos de idade”, ressalta Vera da Silva.
De acordo com o veterinário, outro principal motivo para o resgate é o emalhe acidental em redes de pesca e também a desinformação sobre como proceder em casos de encalhe na beira do rio ou emalhe dos filhotes em redes.
“Quando o filhote é encontrado emalhado ou na beira do rio mas está saudável, é provável que a mãe esteja por perto. Nesses casos, em locais que não tem histórico de caça predatória, os pescadores e comunitários precisam soltar imediatamente o animal no rio”.
A soltura dos peixes-bois da Amazônia é uma parceria da Ampa com o Laboratório dos Mamíferos Aquáticos (LMA/Inpa) e conta com o apoio da Fazenda Santa Rosa e com o patrocínio do Fundo de Conservação do SeaWorld.
O Fundo de Conservação do SeaWorld realizou uma doação para apoiar as etapas para a conservação do peixe-boi da Amazônia, reabilitação, manejo, educação ambiental, etapa de semicativeiro, soltura e monitoramento.
O investimento permitirá que a Ampa aumente o número de animais reabilitados, devolvidos e monitorados na natureza.
O projeto peixe-boi da Amazônia já devolveu aos rios 49 animais, desde 2018, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Piagaçu-Purus, no Amazonas.

