O Dia Internacional do Empreendedorismo Feminino, celebrado nesta quarta-feira (19), chama atenção para os obstáculos que ainda impedem muitas mulheres de consolidar seus negócios no Brasil. Apesar da crescente presença feminina no universo empreendedor, dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) indicam que cerca de 20 milhões de brasileiros empreendem de forma informal, sem o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ). Esse é o caso de 66% dos empreendedores do país — uma parcela significativa composta por mulheres.
Em meio aos desafios diários de empreender sendo mulher, educadora e gestora, a professora Eliana Cássia de Souza, fundadora do Centro de Ensino Técnico (Centec), em Manaus, destaca a importância da qualificação e da formalização como caminhos para o crescimento. “Incentivar mais mulheres a buscarem seu lugar no cenário empreendedor é fundamental. A autonomia financeira transforma vidas e começa com acesso à informação e apoio para dar os primeiros passos”, afirma.
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O Brasil é um país de forte cultura empreendedora, com mais de 30,4 milhões de pessoas atuando em pequenos negócios, segundo o Sebrae. Mas transformar um negócio de renda básica em uma empresa estruturada exige mais do que iniciativa: é preciso estar formalizado.
“Formalizar significa ter acesso a direitos, como aposentadoria, auxílio-maternidade e crédito com juros mais baixos. Além disso, permite emitir notas fiscais, o que abre o mercado para clientes maiores e garante segurança jurídica para quem vende e para quem compra”, explica Valderlan de Oliveira Silva, professor do curso técnico em Contabilidade do Centec.
Embora o processo de formalização pareça complicado, ele pode ser feito de maneira simples pelo Portal do Empreendedor (www.gov.br/mei). Basta acessar a opção “Quero ser MEI” e seguir as instruções com uma conta do GOV.BR. Após preencher os dados básicos e escolher as atividades que serão exercidas, o empreendedor já recebe na hora o CNPJ, o certificado de MEI e o alvará provisório de funcionamento.
Apoio técnico faz diferença para empreendedores
O papel do contador é essencial nesse processo. Segundo o professor Valderlan, esse profissional analisa o perfil do negócio, ajuda na escolha do tipo de empresa mais adequado e cuida da burocracia: “O contador avalia o faturamento, as atividades e o perfil do empreendedor para indicar a melhor opção. Depois, ele oferece ajuda no registro e abertura da empresa, tirando essa dor de cabeça do empreendedor”.
]Além da abertura, o contador também acompanha a empresa na organização fiscal e financeira, evitando problemas comuns como a mistura entre o dinheiro pessoal e o caixa do negócio. “Alguns empreendedores formalizam sem planejamento. Não definem metas de lucro, não organizam despesas e nem pensam em estratégias de crescimento. Isso compromete a sustentabilidade da empresa”, alerta Valderlan.
A professora Eliana reforça que a qualificação é aliada do empreendedorismo feminino. No Centec, ela tem trabalhado com o objetivo de empoderar mulheres por meio da formação técnica, ampliando as oportunidades de geração de renda. “Mulheres preparadas e informadas se sentem mais seguras para empreender, buscar crédito e crescer. É nisso que acreditamos”, finaliza.

