Um inovador adesivo com potencial de aplicação em pacientes após um ataque cardíaco foi desenvolvido por engenheiros do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos.
O pequeno artefato, detalhado na terça-feira (4) na revista Cell Biomaterials, tem a função de fomentar a cicatrização e a regeneração tecidual, ao mesmo tempo que otimiza a entrega de fármacos ao órgão vital.
Este adesivo foi concebido para carregar uma variedade de substâncias medicinais, que podem ser liberadas em momentos sequenciais, de acordo com uma programação específica para as necessidades de cada indivíduo.
De acordo com os engenheiros, em experimentos realizados com ratos, o grupo de pesquisa demonstrou que essa abordagem terapêutica reduziu o volume de tecido cardíaco lesionado em 50% e aprimorou de maneira significativa a funcionalidade do órgão.
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Na visão dos cientistas, se houver a aprovação para aplicação em seres humanos, este tipo de dispositivo pode auxiliar pacientes a recuperarem a função cardíaca de modo mais eficaz do que o obtido pelos protocolos de tratamento atuais.
“Quando alguém sofre um infarto grave, o tecido lesado não se recupera de forma eficiente, culminando em uma perda permanente da função do órgão”, explicou Ana Jaklenec, coautora do estudo.
“Nosso propósito é restaurar essa função e apoiar as pessoas a recuperarem um coração mais robusto e resistente após um infarto do miocárdio.”
Novo ‘remendo’
De acordo com os desenvolvedores do adesivo, após um evento cardíaco, muitos pacientes são submetidos à cirurgia de ponte de safena, que embora melhore o fluxo sanguíneo, não é capaz de reparar o tecido do miocárdio danificado. O foco da equipe, neste novo trabalho, foi conceber uma espécie de “remendo” que pudesse ser aplicado durante o próprio procedimento cirúrgico.
Liberação de medicamentos
A questão testada foi se o adesivo conseguiria liberar medicamentos por um período estendido, favorecendo a cura dos tecidos. Várias condições médicas, incluindo as cardiopatias, demandam terapias específicas para cada estágio de recuperação, mas grande parte dos sistemas atuais descarrega a medicação em um único momento.
Melhor função cardíaca
O novo adesivo foi testado em esferas de tecido cardíaco. Elas foram expostas a condições de baixo oxigênio, simulando os efeitos de um infarto, e então os adesivos foram aplicados. Os resultados mostraram que o dispositivo estimulou a formação de vasos sanguíneos, promoveu a sobrevivência das células e reduziu a quantidade de fibrose.
Nos testes com ratos que serviram como modelos de infarto, também foram observadas melhorias notáveis após o tratamento. Em comparação com a ausência de intervenção ou com a injeção intravenosa dos mesmos fármacos, os animais submetidos ao novo método apresentaram taxas de sobrevivência 33% superiores, uma diminuição de 50% no tecido danificado e um aumento significativo no débito cardíaco.
Próximos Passos
Ainda levará algum tempo para que o adesivo chegue aos pacientes, pois o processo envolve testes rigorosos de segurança e eficácia em modelos maiores, seguidos pelos extensos ensaios clínicos em humanos.
Contudo, o fato de alguns dos fármacos empregados no adesivo — como o VEGF e a neuregulina-1 — já terem sido testados em humanos pode agilizar parte do caminho.

