A Casa Cultural Ayédùn inaugura, nesta quinta-feira (20/11), a exposição “Eleri-Ipin: A Testemunha do Destino”, em celebração ao Dia da Consciência Negra. De maneira gratuita, a mostra apresenta ao público um mergulho no universo do Culto Tradicional Yorùbá, destacando Orunmilá-Ifá como Orixá da sabedoria, da adivinhação e do destino. Além da experiência expositiva, o evento conta com encerramento musical da banda GingaMandinga.
A proposta da mostra é convidar o público a refletir sobre ancestralidade, escolhas, caminhos espirituais e as forças que orientam o destino de cada indivíduo. A abertura integra iniciativas da Casa Cultural Ayédùn e da Ilé Àṣẹ Ayédùn para fortalecer a circulação de saberes ancestrais e ampliar o acesso a ações educativas e artísticas na cidade.
De acordo com a Ìyálorixá Ayédùn, responsável pela curadoria da exposição e presidente da casa cultural, o momento representa um marco para a instituição, afirmando seu compromisso com a formação cultural e o enfrentamento à intolerância religiosa.
A Casa Cultural Ayédùn, onde funciona também o Bar Encruzilhada, está localizada na Rua Ferreira Pena, 145, no Centro de Manaus.
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Quatro artistas visuais apresentam obras inéditas criadas especialmente para o evento, cada uma inspirada em diferentes ìtàn (narrativas sagradas yorùbá).
Ajê – “Ìyá mi Odùlógbòjé”
Inspirada no itan das Ìyàmí Oxorongá, Ajé apresenta ilustrações animadas que retratam a travessia mítica das antigas feiticeiras entre mundos, destacando sua força ancestral, sua relação com as árvores sagradas e sua presença invisível que governa e protege. A obra mistura fantasia e tradição, exaltando o poder feminino primordial.
Cris Ifatayó – A amizade sagrada entre Orunmilá e Exu
Sua obra refaz visualmente os contos que narram a lealdade entre Orunmilá e Exu, desde o episódio em que Exu se desespera ao pensar que o amigo teria morrido, até os momentos em que Orunmilá recorre aos conselhos de Exu para tomar decisões fundamentais. Cris enfatiza a sabedoria que nasce da paciência, dos movimentos da vida e das relações que nos sustentam nos momentos de encruzilhada.
Gabi Loys – “Otutu Opon”
A artista apresenta uma obra que traduz o itan em que Ifá orienta seus devotos a usarem o Otutu Opon, pulseira ou colar que simboliza proteção e longevidade, impedindo que Ikú (a morte) leve alguém antes da hora. A tela aborda o mistério da iniciação, o recebimento das guias e o amparo espiritual que acompanha o iniciado na jornada do destino.
Ancestralidade
Com a obra “Os meus mais velhos”, a Iyalorixá Ayédùn também expõe uma pintura que celebra a ancestralidade, propósito e raízes. A criação fala sobre amparo e família espiritual, honrando aqueles que vieram antes e sustentam o caminho dos que seguem no Aiyê.
Programação do evento
A abertura terá início às 18h, com recepção e acolhimento do público. Logo depois, será realizada uma saudação ritualística tradicional yorùbá, conduzida pela Ìyálorixá Ayédùn, seguida por um discurso sobre a importância da memória ancestral, da preservação da cultura Yorùbá e da luta contra a intolerância religiosa.
Na sequência, será feita a apresentação da exposição, com explicação do tema central relacionado a Ifá-Orunmilá e dos pontos altos da curadoria. Após a abertura formal, o público será convidado a permanecer para as atrações artísticas, encerrando a noite com o show da banda GingaMandinga.


